quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O sonho do religioso

Conta-se que, certa feita, um renomado líder religioso teve um sonho.

Sonhou que se achava nos umbrais dos tabernáculos eternos.

Ali, um anjo montava guarda.

O religioso lhe indagou se no céu se encontravam os protestantes.

O anjo respondeu que no local não havia sequer um protestante.

Surpreso, o religioso questionou:

Os protestantes não alcançaram a salvação mediante o sangue de Cristo?

O anjo repetiu: Aqui não há protestantes.

Desconcertado, o líder prosseguiu no interrogatório:

Será que no céu estão os católicos romanos?

O representante celeste afirmou que naquele ambiente nem se conheciam os membros da Igreja Romana.

O religioso indagou, então, se lá se faziam presentes os partidários de Maomé ou de Buda.

O interlocutor asseverou que no céu não se encontravam nem uns, nem outros.

Intrigado, o religioso inquiriu:

Estará o paraíso desabitado?

O anjo respondeu que tal não acontecia.

Disse serem incontáveis os habitantes da Casa do Pai, a ocuparem todas as Suas múltiplas moradas.

Muito curioso, o ministro desejou saber quem eram os que se salvavam e a que religião pertenciam na Terra.

O guardião da entrada das celestes moradas esclareceu:

A todas e a nenhuma.

Aqui não se pensa em denominações ou dogmas.

Salvam-se os que visitam as viúvas e os órfãos em suas aflições.

Os que se guardam isentos da corrupção do século.

Salvam-se os que procuram aperfeiçoar-se, corrigindo-se de seus defeitos.

Os que renascem todos os dias para uma vida melhor.

Redimem-se os que amam o próximo.

Os que renunciam ao mundo, com suas fascinações.

Os que andam pelo caminho estreito: o caminho do dever.

Purificam-se os que obedecem a voz da consciência, não os reclamos do interesse.

Conquistam a Divina graça os que trabalham pela causa da justiça e da verdade.

Salvam-se os que buscam o bem comum e a felicidade coletiva.

O discurso do anjo se alongava, mas o religioso o interrompeu.

Afirmou que precisava voltar urgente ao cenário terreno, para modificar os rumos que imprimia em sua Igreja.

* * *

Essa lição é por demais preciosa.

Os homens costumam buscar o caminho mais fácil.

Não raro, buscam se convencer de que estão em boa senda apenas porque cumprem algumas formalidades religiosas.

Ou então se sentem puros e especiais porque se abstêm de alguns prazeres.

Entretanto, Jesus disse: A cada um segundo suas obras.

Para conquistar a plenitude, é preciso trabalhar com afinco para que a bondade e a pureza se implantem no mundo.

Tudo o mais é supérfluo.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. VIII, do

livro Nas pegadas do Mestre, de Vinícius (Pedro de Camargo), ed. Feb

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