terça-feira, 28 de junho de 2011



As Irmãs Fox

O texto abaixo, que trata da história das Irmãs Fox, nos foi enviado por Rodrigo Farias extraido do boletim "Gotas de Luz".
Sua publicação original foi no jornal "Folha Espirita" de outubro de 1995



150 ANOS DO EPISÓDIO DE HYDESVILLE
por Karl W. Goldestein

A FAMÍLIA FOX

Em 11 de dezembro de 1847, a família Fox instalou-se em modesta casa no vilarejo de Hydesville, Estado de New York, distante cerca de 30 km da cidade de Rochester.

O nome da família Fox origina-se do sobrenome Voss, depois Foss e finalmente Fox. Eram de origem alemã, da parte paterna; e francesa, holandesa e inglesa, da parte materna. Seus antecessores foram notoriamente dotados de faculdades paranormais.

O grupo compunha-se do chefe da família, Sr. John D. Fox, da esposa D. Margareth Fox e mais duas filhas; Kate, com 7 anos e Margareth, com 10 anos. O casal possuia mais filhos e filhas. Entre estas, convém destacar Leah, que morava em Rochester, onde lecionava música. Devido aos seus casamentos, foi sucessivamente conhecida como Mrs. Fisch, Mrs. Brown e Mrs. Underhill.

Leah escreveu um livro, "The Missing Link", New York, 1885, no qual ela faz referência as faculdades paranormais de seus parentes anteriores.
Inicialmente, tomaram parte nos acontecimentos somente Kate e Margareth, mas posteriormente Leah juntou-se a elas e teve participação ativa nos episódios subseqüentes ao de Hydesville.


A CASA DE HYDESVILLE JÁ ERA ASSOMBRADA


Lucretia Pulver era jovem que servira como dama de companhia do casal Bell, quando elas habitavam a referida casa até 1846. Ela contou uma curiosa história de um mascate que se hospedara com os Bells. Na noite em que o vendedor passou com aquele casal, Lucretia foi mandada a dormir na casa dos pais. Três dias depois tornaram a procurá-la. Então disseram-lhe que o mascate fora embora. Ela nunca mais viu esse homem.

Depois disso, passado algum tempo, aproximadamente em 1844, começaram a dar-se fenomenos estranhos naquela casa. A mãe de Lucretia, Sra. Ann Pulver, que mantinha relações com a família Bell, relata que, em 1844, quando visitara a Sra. Bell, indo fazer tricô em sua companhia, ouvira desta uma queixa, Disse-lhe que se sentia muito mal e quase nao dormia à noite. Quando lhe perguntou qual a causa, a Sra. Bell declarou que se tratava de rumores inexplicáveis; parecera-lhe ter ouvido alguém a andar de um quarto para outro; acordou o marido e fe-lo levantar-se e trancar as janelas. A princípio, tentou afirmar à Sra. Pulver que possivelmente se tratasse de ratos. Posteriormente, confessou não saber qual a razão de tais rumores, para ela inexplicáveis.

A jovem Lucretia Pulver também testemunhou os fenômenos insólitos observados naquela casa.

Os Bells terminaram por mudar-se.

Em 1846, instalou-se ali a família Weekman: Sr. Michael Weekman, Sra. Hannah Weekman e suas filhas. Alguns dias após terem-se alojado na referida casa, passaram a ser perturbados por ruídos insólitos: batidas na porta da entrada, sem que ninguém visível o estivesse fazendo; passos de alguém andando na adega ou dentro de casa.

A família Weekman, como era de esperar-se, não permaneceu muito tempo naquela casa sinistra. Em fins de 1847 deixou-a vaga, saindo de lá definitivamente.

Desse modo, atingimos a data de 11 de dezembro de 1847, quando a referida casa passou a ser ocupada pela família Fox, conforme já mencionamos no início deste artigo.


A NOITE DAS PRIMEIRAS TRANSCOMUNICAÇÕES

Inicialmente os Fox não sofreram nenhum incômodo em sua nova residência. Entretanto, algum tempo depois, mais precisamente nos dois primeiros meses de 1848, os mesmos ruídos insólitos que perturbaram os antigos inquilinos voltaram a manifestar-se outra vez. Eram batidas leves, sons semelhantes aos arranhões nas paredes, assoalhos e móveis, os quais poderiam perfeitamente ser confundido com rumores naturais produzidos por vento, estalos do madeiramento, ratos, etc. Por isso a família Fox não deveria ter-se sentido molestada ou alarmada. Entretando, tais ruídos cresceram de intensidade, a partir de meados de março de 1848. Batidas mais nítidas e sons de arrastar de móveis começaram a fazer-se ouvir, pondo as meninas em sobressalto, ao ponto de negarem-se a dormir sozinhas no seu quarto, e passarem a querer dormir no quarto dos pais. A princípio os habitantes da casa, ainda incrédulos quanto à possível origem sobrenatural dos ruídos, levantavam-se e procuravam localizar a causas natural dos mesmos.

Na noite de 31 de março de 1848, desencadeou-se uma série de sons muito forte e continuados. Aí, então, deu-se o primeiro lance do fantástico episódio, que ficou como um marco inamovível na história da fenomenologia paranormal. A garota de sete anos de idade - a Kate Fox - em sua espontaneidade de criança teve a audácia de desafiar a "força invisível" a repetir, com os golpes, as palmas que ela batia com as mãos! A resposta foi imediata, a cada estalo um golpe era ouvido logo a seguir! Ali estava a prova de que a causa dos sons seria uma inteligência incorpórea. Para apreciar-se bem o sabor desta incrível aventura, vamos transcrever alguns trechos do depoimento da Sra. Margareth Fox.

"Na noite de sexta-feira, 31 de março de 1848, resolvemos ir para a cama um pouco mais cedo e não nos deixamos perturbar pelos barulhos; íamos ter uma noite de repouso. Meu marido que aqui estava em todas as ocasiões, ouviu os ruídos e ajudou a pesquisar. Naquela noite fomos cedo para a cama - apenas escurecera. Achava-me tal alquebrada e com falta de repouso que quase me sentia doente. Meu marido não tinha ido para a cama quando ouvimos o primeiro ruído naquela noite. Eu apenas me havia deitado. A coisa começou como de costume. Eu distinguia de qualquer outro ruído jamais ouvido. As meninas, que dormiam em outra cama no quarto, ouviram as batidas e procuraram fazer ruídos semelhantes, estalando os dedos. Minha filha menor, Kate, disse, batendo palmas: "Senhor Pé Rachado, Faça o que eu faço." Imediatamente seguiu-se o som, com o mesmo número de palmadas. Quando ela parou, o som logo parou. Então Margareth disse brincando: "Agora faça exatamente como eu. Conte um, dois, três, quatro" e bateu palmas. Então os ruídos se produziram como antes. Ela teve medo de repetir o ensaio. Então Kate disse, na simplicidade infantil: "Oh! mamãe! eu já sei o que é. Amanhã é primeiro de abril e alguém quer nos pregar uma mentira."

"Então pensei em fazer um teste que ninguém seria capaz de responder. Pedi que fossem indicadas as idades de meus filhos, sucessivamente. Instantaneamente foi dada a exata idade de cada um, fazendo pausa de um para outro, a fim de separar, até o sétimo, depois do que se fez uma pausa maior e três batidas mais fortes foram dadas, correspondendo a idade do menor, que havia morrido.

"Então perguntei: Eh um ser humano que me responde tão corretamente? Não houve resposta. Perguntei: É um espírito? Se for, de duas batidas. Duas batidas foram ouvidas assim que fiz o pedido. Então eu disse: Se for um espírito assassinado dê duas batidas. Essas foram dadas instantaneamente, produzindo um tremor na casa. Pergutei: Foi assassinado nesta casa? A resposta foi como a precedente. A pessoa que o assassinou ainda vive? Resposta idêntica, por duas batidas. Pelo mesmo processo verifiquei que fora um homem que o assassinaram nesta casa e os seus despojos enterrados na adega; que a família era constituída de esposa e cinco filhos, dois rapazes e três meninas, todos vivos ao tempo de sua morte, mas que depois a esposa morrera. Então perguntei: Continuará a bater se chamarmos os vizinhos para que também escutem? A resposta afirmativa foi alta."

Desse modo foram chamados vários vizinhos, os quais por sua vez convocaram outros, de maneira que, mais tarde e nos dias subseqüentes, o número de curiosos era enorme. Naquela noite compareceram o Sr. Redfield, o Sr. e Sra. Duesler e os casais Hyde e Jewell.

"Mr. Duesler fez muitas perguntas e obteve as respostas. Em seguida indiquei vários vizinhos nos quais pude pensar, e perguntei se havia sido morto por algum deles, mas não obtive resposta. Após isso, Mr. Duesler fez perguntas e obteve as respostas. Perguntou: Foi assassinado? Resposta afirmativa. Seu assassino pode ser levado ao tribunal? Nenhuma resposta. Pode ser punido pela lei? Nenhuma resposta. A seguir disse: Se seu assassino não pode ser punido pela lei de sinais. As batidas foram ouvidas claramente. Pelo mesmo processo Mr. Duesler verificou que ele tinha sido assassinado no quarto do leste, a cinco anos passado, e que o assassínio fora cometido à meia noite de uma terça-feira, por Mr......; que fora morto com um golpe de faca de açougueiro na garganta; que o corpo havia sido enterrado; tinha passado pela dispensa, descido a escada e enterrado a dez pés abaixo do solo. Também foi constatado que o móvel fora dinheiro.

"Quanta a quantia: cem dólares? Nenhuma resposta. Duzentos? Trezentos? etc. Quando mencionou quinhentos dólares as batidas confirmaram.

"Foram chamados muitos dos vizinhos que estavam pescando no ribeirão. Estes ouviram as mesma perguntas e respostas. Alguns permaneceram em casa naquela noite. Eu e as meninas saímos. Meu marido ficou toda a noite com Mr. Redfield. No sábado seguinte a casa ficou superlotada. Durante o dia não se ouviram os sons, mas ao anoitecer recomeçaram. Diziam que mais de trezentas pessoas achavam-se presentes. No domingo os ruídos foram ouvidos o dia inteiro por todos quantos se achavam em casa".

Estes são os principais trechos do depoimento da Sra. Margareth Fox, que mais nos interessam para dar uma descrição viva dos acontecimentos de Hydesville, na sinistra noite de 31 de março de 1848.


AS ESCAVAÇÕES NA ADEGA

Os mais interessados em esclarecer o caso resolveram escavar a adega, visando encontrar os despojos do suposto assassinado. Eis que, através de combinação alfabética com as pancadas produzidas, chegaram à identidade da vítima. Tratava-se de um mascate de nome Charles B. Rosma, o qual tinha trinta e um anos quando, há quatro anos passado, fora assassinado naquela casa e enterrado na adega. O assassino fora um antigo inquilino. Só poderia ter sido o Sr. Bell... Mas onde a prova do fato, o cadáver da vítima? A solução seria procurá-lo na adega, onde estaria enterrado.

As escavações, porém, não levaram a resultados definitivos, pois deram n'água, sem que se tivessem encontrado quaisquer indício. Por essa razão foram suspensas.

No verão de 1848, o próprio Sr. David Fox auxiliado por alguns interessados retomou o empreendimento. A uma profundidade de um metro e meio, encontraram uma tábua. Aprofundada a cova, encontraram o carvão, cal, cabelos e alguns fragmentos de ossos que foram reconhecidos por um médico como pertencentes a esqueleto humano; mais nada.

As provas do crime eram precárias e insuficientes, razão talvez pela qual o Sr. Bell não foi denunciado.


A DESCOBERTA DO ESQUELETO


Em o número de 23 de novembro de 1904, do Boston Journal, foi notificada a descoberta do esqueleto de um homem cujo Espírito se supunha ter ocasionado os fenômenos na casa da família Fox em 1848. Meninos de uma escola achavam-se brincado na adega da casa onde moravam os Fox. A casa tinha fama de ser mal-assombrada. Em meio aos escombros de uma parede - talvez falsa - que existira na adega, os garotos encontraram as peças de um esqueleto humano.

Junto ao esqueleto foi achada uma lata de uma espécie costumeira usada por mascates. Esta lata encontra-se agora em Lilydale, a sede central regional dos Espiritualistas Americanos, para onde foi transportada a velha casa de Hydesville.

Como pode ver-se, cinquenta e seis anos depois, em 22 de novembro de 1904 (data do encontro do esqueleto do mascate), parece não haver dúvida de que foram confirmadas as informações obtidas em 1848 a respeito do crime ocorrido naquela casa. Este episódio constitui-se em um notável caso de TCD (transcomunicação direta). As evidências são muito fortes.


O MOVIMENTO ESPALHA-SE


As duas garotas, Margareth e Kate, foram afastadas de sua casa, pois suspeitava-se que os fenômenos eram ligados sobretudo à sua presença. Margareth passou a morar com seu irmão David Fox. A Kate mudou-se para Rochester, onde ficou em casa de sua irmã Leah, então casada e agora Sra. Fish. Entretanto, os ruídos insistiam em acompanhar as irmãs Fox; onde elas se achavam, ocorriam os fenômenos. Parece que agora se observava uma espécie de contágio, pois, Leah Fish, a irmã mais velha, passou a apresentar também os mesmos fenômenos. Logo mais, começaram a surgir em outras famílias:

"Era como uma nuvém psíquica, descendo do alto e se mostrando nas pessoas suscetíveis. Sons idênticos foram ouvidos em casa do Rev. A.H.Jervis, ministro metodista residente em Rochester. Poderosos fenômenos físicos irromperam na família do Diacono Hale, de Greece, cidade vizinha de Rochester. Pouco depois Mrs. Sarah A. Tamlin e Mrs. Benedict de Auburn, desenvolveram notável mediunidade (...)".

O movimento espalhar-se-ia, mais tarde, pelo mundo, conforme fora afirmado em uma das primeiras comunicações através das irmãs Fox. As próprias forças invisíveis insistiram para que se fizessem reuniões públicas onde elas pudessem manifestar-se ostensivamente. Era uma nova mensagem que vinha do mundo dos Espíritos, conclamando os homens para uma outra posição filosófico-religiosa.



"SPIRITUALISMO" E ESPIRITISMO

A "Onda Espiritualista" passou da América para a Europa, cujo terreno já se encontrava preparado pelo desenvolvimento científico, e onde os fenômenos de TC (transcomunicação) iriam ser estudados mais tarde, com rigor e profundidade pelos fundadores da "Psychical Reserch" e da Metapsiquica.

A forma bastante comum sob a qual a manifestações de TC (transcomunicação) se apresentaram na Europa, foi a das "mesas girantes". Vamos focalizar mais adiante e resumidamente esse período, do qual tambem se originou o Espiritismo na França, gracas às investigações científicas e ao método didático do ilustre intelectual lionês, Denizard Hypplite Leon Rivail (Allan Kardec).

Nunca é supérfluo enfatizar que não se deve confundir o "Spiritualism" com o espiritismo. O primeiro nasceu como um movimento popular, provocado por evidências a favor da crença na existência, sobrevivência e comunicabilidade do Espírito. Posteriormente o "Spiritualism"adquiriu a forma de um religiao organizada que aspira, também, ser uma Ciência e uma Filosofia.

Agora, um ponto importante: o "Spiritualism" não incorporou a idéia da reencarnação. Ele admite apenas a continuidade da vida após a morte, sem inferno ou céu, porém em contínuo aprendizado e evolução no "Mundo Espiritual".

Há algumas diferenças entre os princípios básicos do "Spiritualismo" e do Espiritismo. A mais profunda é a questão da "reencarnação". O Espiritismo não só aceita o renascimento, como admite a Lei do Carma, considerando serem estes os fatores naturais da evolução do Espírito. Embora Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, considere Sócrates e Platão como os precursores da idéia cristã e do Espiritismo, a sua atenção para a realidade da comunicação dos Espíritos foi despertada pelo fenômeno das "mesas girantes".


REPERCUSSÃO ENTRE INTELECTUAIS


A partir do episódio das irmãs Fox, a transcomunicação, aqui no ocidente, passou atrair a atencao de um pequeno grupo de cientistas. Inicialmente, tais investigadores achavam-se, em sua maioria, imbuidos de forte cepticismo acerca do fenômenos paranormais que passaram a ganhar popularidade inusitada na Europa. Somente a curiosidade diante da estranheza de tais ocorrências conseguiu levar esses poucos cientistas a observá-las. Logo no começo da fase, as pesquisas conduziram à formação de três categorias de pessoas, conforme suas opiniões acerca da natureza dos referidos fenômenos.

O primeiro grupo consistiu nos que viram nesses fatos uma confirmação de suas crencas na sobrevivência, na comunicabilidade e progresso dos Espíritos. A natureza do homem, para eles, era dual, e continha um componente espiritual além do material. Desta interpretação, surgiu um aspecto religioso como decorrência imediata do reconhecimento da natureza espiritual da criatura humana. O "Spiritualism", na Inglaterra, e o Espiritismo, na França, são exemplos dessa interpretação, embora ambos reivindiquem, também, para suas doutrinas, os aspectos filosóficos e científicos.

Um segundo grupo constituiu-se, em sua maioria, por cidadãos de acentuado interesse científico. Alguns já eram cientistas profissionais, professores e investigadores em diversas áreas de conhecimento teórico e prático. Outros, com títulos e formação superior, embora nao especialistas em disciplinas científicas, sentiram-se também interessados em investigar de maneira racional os referidos fatos, denominados, na época, "fenômenos psiquicos". Daí a designação usual desta atividade: "Psychical Research" (Pesquisa Psiquica). Na França, Charles Richet deu-lhe outro nome: "Metapsiquica".

No segundo grupo, figuravam, indistintamente, os espiritualistas, os indiferentes e os materialistas. Apenas os seguintes objetivos pareciam movê-los: confirmar ou negar os propalados fenômenos e, no caso afirmativo, descibrir a sua real causa eficiente.

Finalmente, um terceiro grupo, compreendendo a maioria dos interessados, colocou-se em franco antagonismo relativamente aos dois primeiros. Compunha-se de cientistas, intelectuais em geral, jornalistas e pessoas comuns. Alguns eram fieis ou chefes de religiões instituídas. Grande número desses cidadãos, especialmente os intelectuais, achava-se impregnado de filosofias materialistas e havia absorvido as ideias positivistas. Revelaram-se profundamente céticos e procuraram liquidar com a crença nos aludidos fenômenos. Para eles, os fenômenos paranormais eram manifestações de superstição, ilusões e fraudes, ou alienação mental. Para alguns religiosos, poderiam ser armadilhas do "demônio", ou tentativas de indivíduos mal intencionados que visavam abalar as bases das religiões tradicionais. Outros chegavam a acreditar que se tratava da revivescencia da Magia e do Ocultismo, numa tentativa de dominio de opinião pública.


CONCLUSÃO

Foi neste clima que se desenrolaram as dramáticas transcomunicações, cuja iniciativa, ao que parece, partiu do Plano Espiritual. As manifestações mais em evidência foram as chamadas "Mesas Girantes". Este episódio inaugurou o Período Espíritico, conforme a classificação de Charles Richet. Segundo este sábio, tal período vai das irmãs Fox ate as pesquisas de Sir Willian Crookes, em 1872

O QUE ACONTECE COM O SUICIDA?


Se você está pensando em se suicidar deve estar procurando saber o que acontece com um suicida logo após a morte, correto? Eu não tenho boas notícias para você. O suicida é sem dúvida nenhuma o ser que mais sofre após a morte.

Primeiro você precisa saber que nada se perde neste universo. Ao morrer seu corpo volta para a Terra e sua mente, sua consciência, seu EU, que chamamos de espírito não desaparece. Ele continua vivo. O que da vida a seu corpo é justamente a existência de um espírito que anima a matéria.

Então tentar se matar achando que você será apagado do universo, apagado para sempre é uma tolice. O seu corpo realmente vai se decompor a vai desaparecer na Terra, mas você continua existindo.

A morte não é um processo automático. É necessário um determinado tempo para que o espírito se desconecte do corpo. É necessário tempo para que o espírito deixe de sentir as impressões do corpo. Quando a pessoa esta doente este desligamento é gradual e segue um processo natural. Por isso que dizemos que a melhor forma de morrer é através da velhice quando ocorre o falecimento gradativo dos órgãos e o desligamento gradativo do espírito.

No caso do suicídio não existe um desligamento do espírito do corpo. Se o suicida da um tiro na cabeça ele sente a dor terrível do tiro e continua sentindo a dor e os efeitos do tiro depois de morto. Uma pessoa que pula de um determinado local para se suicidar continua sentindo as dores do corpo quebrado depois do impacto.

Logo depois do ato suicida vem o momento de loucura. O suicida não é uma pessoa emocionalmente e mentalmente equilibrada. Ao perceber que não existe a morte da sua consciência, e que ele continua vivo, pensando, sentindo, enxergando, bate um desespero e a loucura.

Muitos suicidas têm o desprazer de sentir seus corpos decompondo. Apos um longo e sofrido desprendimento da matéria em decomposição, normalmente o suicida é levado para um local referenciado em muitos livros psicografados como “Vale dos Suicidas”.

Do outro lado as pessoas com personalidade parecida se unem em determinados locais. Aqui na Terra também funciona assim. As pessoas de personalidade parecida costumam se reunir. Na Internet onde não temos limites geográficos temos grupos de pessoas que tem afinidades que se reúnem em grupos virtuais como o Orkut.

Desta forma os suicidas são atraidos para locais repletos de pessoas que também cometaram suicídio pois ali existe uma compatibilidade de pensamentos e sentimentos.

Não é preciso fazer muita força para imaginar como seria um local com centenas de milhares de suicidas com o coração cheio de remorso, vingança, raiva, medo e dor. Não é um lugar bonito, cheiroso e organizado. É um verdadeiro caos, ou o que podemos imaginar como um verdadeiro inferno.

Mas porque o suicida não recebe ajuda?

Da mesma forma que aqui no nosso mundo, lá do outro lado às pessoas só podem ser ajudadas quando realmente desejam serem ajudadas. Você só pode recuperar um drogado se ele deseja sair da droga. Você só pode ajudar uma pessoa afundada pela vingança se ela está verdadeiramente disposta a perdoar. Como curar o fumante a força? Sentimentos negativos como a raiva, remorso, vingança prende o espírito do suicida a uma camada de nível vibracional muito baixo por ser esta camada compatível com seus sentimentos negativos.

Tirar um suicida deste lugar só é possível quando ele por conta própria consegue eliminar todos os sentimentos negativos que o fazem ficar em sintonia com este lugar. Se possui o sentimento de vingança por alguém o espírito precisa perdoar e se livrar deste sentimento.

Se tem autopiedade, ou seja, pena de si mesmo precisa eliminar este sentimento. Se é arrogante, invejoso, se é alimentado por raiva, precisa “queimar” estes sentimentos. E infelizmente isso costuma acontecer diante do sofrimento. Quantas coisas na vida só aprendemos depois que sofremos as conseqüências dos nossos atos? Lá do outro lado é a mesma coisa.

Legiões de bons espíritos estão sempre vasculhando o lodo do Vale dos Suicidas em busca de pessoas que estejam prontas para receber ajuda. Infelizmente o suicida não é uma pessoa que não gosta de pedir ajuda. Se não fosse assim não teria cometido o suicídio, teria procurado ajuda em vida. Ele está tão mergulhado em seus sentimentos negativos e egoismo que não consegue ver e aceitar qualquer ajuda.

Se você tem um amigo ou parente que cometeu o suicídio saiba que é possível ajudar. A ajuda pode ser feita através de orações. Orando para que o suicida se perdoe. Normalmente o suicida se arrepende muito e fica se culpando pelo ocorrido. Então ele precisa primeiro se perdoar pelo erro cometido. Precisa perdoar as pessoas envolvidas. Precisa retirar do coração da raiva que possa ter de alguém, ou qualquer sentimento de vingança. O Suicida precisa ter a humildade para pedir ajuda. Você também pode orar para que espíritos amigos possam ajudar neste resgate. A oração e o pensamento positivo podem ajudar muito.



SUICÍDIO
M
DIGA SIM À VIDA!!!
Textos extraídos das obras espíritas"O Pensamento de Emmanuel", autoria de Martins Peralva, 2ª ed. FEB, e "O Consolador" da autoria espiritual de emmanuel e psicografado por Francisco Cândido Xavier.





Difícil seria abranger, no simples capítulo de um livro, problema tão angustioso e sombrio, que se tem agravado, ultimamente, nas comunidades terrestres, elevando as estatísticas mundiais.

Que poderá levar o homem a recorrer ao gesto extremo?

Eis a pergunta, inquietante, que a mente humana formula, em todos os continentes, em face da incidência de suicídios em milhares e milhares de lares do mundo - em lares humildes, em lares de mediana condição, em palácios suntuosos!...

Anotaríamos, em tese, as principais motivações, crendo, no entanto, que outros estudiosos do assunto possam aduzir novas razões, às quais acrescentaríamos, evidentemente, as por nós relacionadas:

  1. - Falta de fé;
  2. - Orgulho ferido;
  3. - Esgotamento nervoso;
  4. - Loucura;
  5. - Tédio da vida;
  6. - Moléstias consideradas incuráveis;
  7. - Indução de terceiros, encarnados ou desencarnados.
Acreditamos, firmemente, que a falta de fé responde pela quase totalidade dos suicídios.

A fé é alimento espiritual que, fortalecendo a alma, põe-na em condições de suportar os embates da existência, de modo a superá-los convenientemente.

A fé é mãe extremosa da prece.

E quem ora com fé tem o entendimento aclarado e o coração fortalecido, eis que, segundo Emmanuel, quando a dor nos "entenebrece os horizontes da alma", subtraindo-nos "a serenidade e a alegria, tudo parece escuridão envolvente e derrota irremediável", induzindo-nos ao desânimo e insuflando-nos o desespero; todavia, SE ACENDEMOS NO CORAÇÃO "LEVE FLAMA DA PRECE, FIOS IMPONDERÁVEIS DE CONFIANÇA" ligam-nos o ser a Deus.

Analisando as demais causas, observamos que todas elas tiveram por germe, aqui e alhures, na Terra ou noutros mundos, nesta ou em encarnações pretéritas, a ausência da fé.

O orgulho ferido é, também, falta de fé, porque a fé conduz à humildade profunda, e esta é inimiga do orgulho.

É o seu melhor, o seu mais poderoso antídoto.

O orgulho ferido pode levar o homem a sérios desastres que se perpetuarão, durante séculos, em seu carma.

O esgotamento nervoso, que poderia ser evitado, no seu começo, se movimentados pudessem ter sido os recursos da "oração, filha da fé", pode conduzir o ser humano, nessa altura já fortemente assediado por forças obsessoras, ao extremo gesto.

A loucura, por sua vez, responde por elevado número de deserções do mundo.

E o chamado "tédio da vida"?

Quantas cartas foram deixadas por suicidas referindo-se ao "cansaço da vida" e implicações correlatas?

Por quê? AUSÊNCIA DE FÉ, evidentemente da fé que reside e brota dos escaninhos mais sagrados e mais profundos da alma eterna.

Sim, há muita fé que existe, apenas, nos lábios.

A fé iluminada pela razão, que é a fé espírita, capaz de encarar o raciocínio "face a face, em todas as épocas da humanidade", suporta e vence, resiste e transpõe os mais sérios obstáculos, inclusive os relacionados com uma existência dolorosa, sob o aspecto moral ou físico, fértil em aflitivos problemas.

Quem tem fé não deserta da vida, pois sabe que os recursos divinos, de socorro à humanidade, são inesgotáveis.

Não esvaziam os mananciais da misericórdia de Deus!

Ante moléstia considerada incurável, procura o enfermo, algumas vezes, no suicídio, a solução do seu problema.

Infeliz engano, pois a ninguém é lícito conhecer até onde chegam os recursos curadores da Espiritualidade Superior, que é a representação da Magnanimidade Divina.

Quantas vezes amigos de Mais Alto intervém, prodigiosamente, quando a Medicina, desalentada, já ensarilhara a armas, por esgotamento dos próprios recursos?!...

Há outro tipo de suicídio, aquele que resulta da indução, sutil ou ostensiva, de terceiros, encarnados ou desencarnados, especial e mais numerosamente dos desencarnados, não sendo demais afirmar, por efeito de observação, que a quase totalidade dos auto-extermínios foi estimulada por entidades perversas, inimigas ferrenhas do passado, que, ligando-se ao campo mental de quantos idealizam, em momento infeliz, o suicídio, corporificam-lhe, na hora adequada, a sinistra idéia.

Julgamos ter analisado, com razoável acervo de exemplos, as causas mais freqüentes do suicídio.

Estudemos, agora, o quadro geral da situação dos trânsfugas da vida, após a morte.

A ilusão do suicida é de que, com a extinção do corpo, cessam problemas e dores, mas a palavra de André Luiz, revestida da melhor essência doutrinária, informa que sai ele do sofrimento, PARA ENTRAR NA TORTURA...

Relatos de antigos suicidas e obras especializadas, de origem mediúnica, falam-nos, inclusive, de vales sinistros, onde se congregam, em tétricas sociedades, os que sucumbiram no auto-extermínio.

Nessas regiões, indescritíveis na linguagem humana, os quadros são terríveis.

Visão constante das cenas do suicídio, seu e de outrem.

Recordação, aflitiva, dos familiares, do lar distante, dolorosamente perdidos na insânia.

Saudade da vida - vida que o próprio suicida não soube valorizar, por lhe haver faltado um mais de confiança na ajuda de Deus, que tem sempre o momento adequado para chegar...

Outras vezes, solidão, trevas, pesadelos horrendos, com a sensação, da parte do infeliz, de que se encontra "num deserto, onde os gritos e gemidos têm ressonâncias tétricas".

Os mais variados efeitos psicológicos e as mais diversas repercussões morais tornam a presença do suicida, no mundo espiritual, um autêntico inferno, onde estagiará não sabemos quanto tempo, tudo dependendo de uma série de fatores que não temos condições para aprofundar, eis que inerentes à própria Lei de Justiça.

Ataques de entidades cruéis.

Acusações e blasfêmias.

Sevícias e sinistras gargalhadas povoam a longa noite dos que não tiveram coragem para enfrentar o tédio, a calúnia, o desamor, a desventura...

Se pudessem os homens levantar uma nesga da Vida Espiritual e olhar, à distância, as cenas de torturante sofrimento a que são submetidos os suicidas, diminuiriam, por certo, as estatísticas, mesmo nos mais conturbados e infelizes continentes.

O Espiritismo, descortinando tais horizontes, dizendo aos homens que a vida é patrimônio de Deus, que lhes não cabe destruir, cumprirá na Terra sua augusta missão de acabar com os suicídios.


E agora, afinal, apreciemos as conseqüências com vistas às futuras existências.

Se a tortura do Espírito, após o suicídio, é horrível, seu retorno ao mundo terreno, pela reencarnação, far-se-á na base das mais duras penas.

Reencarnações frustradas, isto é, que se interromperão quando maior for o desejo de viver, o "anseio de vida"- vida que ele não teve fé suficiente para valorizar.

No capítulo das enfermidades impiedosas, preferível darmos a palavra a Emmanuel, que, em notável estudo, sintetizou todas as conseqüências:

"Os que se enveneneram, conforme os tóxicos de que se valeram, renascem trazendo as afecções valvulares, os achaques do aparelho digestivo, as doenças do sangue e as disfunções endócrinas, tanto quanto outros males de etiologia obscura; os que incendiaram a própria carne amargam as agruras da ictiose ou do pênfigo; os que se asfixiaram, seja no leito das águas ou nas correntes de gás, exibem processo mórbidos das vias respiratórias, como no caso do enfisema ou dos cistos pulmonares; os que se enforcaram carreiam consigo os dolorosos distúrbios do sistema nervoso, como sejam as neoplasias diversas e a paralisia cerebral infantil; os que estilhaçaram o crânio ou deitaram a própria cabeça sob rodas destruidoras, experimentam desarmonias da mesma espécie, notadamente as que se relacionam com o cretinismo, e os que se atiraram de grande altura reaparecem portando os padecimentos da distrofia muscular progressiva ou da osteíte difusa.

Segundo o tipo de suicídio, direto ou indireto, surgem as distonias orgânicas derivadas, que correspondem a diversas calamidades congênitas, inclusive a mutilação e o câncer, a surdez e a mudez, a cegueira e a loucura, a representarem terapêutica providencial na cura da alma."

O suicídio, longe de ser a porta da salvação, é o sombrio pórtico de inimagináveis torturas.

Que nenhum ser humano, em lendo estas considerações doutrinárias, homem ou mulher, consinta a permanência em sua mente, UM INSTANTE SEQUER, da sinistra idéia de exterminar a própria vida, a fim de evitar que, sob o estímulo e a indução de adversários cruéis, venha a cometer a mais grave das infrações às leis divinas.

Este o apelo que o Espiritismo, por seus humildes expositores, faz descer sobre os corações sofredores.

Quais as primeiras impressões dos que desencarnam por suicídio?

A primeira decepção que os aguarda é a realidade da vida que se não extingue com as transições da morte do corpo fisíco, vida essa agravada por tormentos pavorosos , em virtude de sua decisão tocada de suprema rebeldia.

Suicidas há que continuam experimentando os padecimentos físicos da última hora terrestre , em seu corpo somático, indefinidamente. Anos a fio , sentem as impressões terríveis do tóxico que lhes aniquilou as energias , a perfuração do cérebro pelo corpo estranho partido da arma usada no gesto supremo, o peso das rodas pesadas sob as quais se atiraram na ânsia de desertar da vida, a passagem pelas águas silenciosas e tristes sobre os seus despojos, onde procuraram o olvido criminoso de suas tarefas no mundo e , comumente, a pior emoção do suicida é a de acompanhar , minuto a minuto , o processo da decomposição do corpo abandonado no seio da terra , verminado e apodrecido.
De todos os desvios da vida humana o suicídio é , talvez, o maior deles pela sua característica de falso heroísmo, de negação absoluta da lei do amor e de suprema rebeldia à vontade de Deus , cuja justiça nunca se fez sentir , junto aos homens , sem a luz da misericórdia.

DESGOSTO PELA VIDA. SUICÍDIO

De onde vem o desgosto pela vida que se apodera de alguns indivíduos sem motivos plausíveis?

- Efeito da ociosidade, da falta de fé e geralmente da saciedade. Para aqueles que exercem as suas faculdades com um fim útil e segundo as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido e a vida se escoa mais rapidamente; suportam as suas vicissitudes com tanto mais paciência e resignação quanto maís agem tendo em vista a felícídade mais sólida e mais durável que os espera.

O homem tem o direito de dispor da sua própria vida?

- Não, somente Deus tem esse direito. O suicídio voluntário é uma transgressão dessa leí.

O suicídio não é sempre voluntário?

- O louco que se mata não sabe o que faz

O que pensar do suicídio que tem por causa o desgosto da vida?

- Insensatos! Porque não trabalhavam?A existência não lhes teria sído tão pesada!

Que pensar do suicida que tem por fim escapar às misérias e às decepções deste mundo?

- Pobres Espíritos que não tiveram a coragem de suportar as misérias da existência! Deus ajuda aos que sofrem e não aos que não têm forças nem coragem. As tribulações da vida são provas ou expiações. Felizes os que as suportam sem se queixar, porque serão recompensados! Infelizes, aocontrário, os que esperam uma saída nisso que, na sua impiedade, chamam de sorte ou acaso! A sorte ou acaso, para me servir da sua linguagem, podem de fato favorecê-los por um instante, mas somente para lhes fazer sentir maís tarde, e de maneira maís cruel, o vazio de suas palavras.

Os que levaram o desgraçado a esse ato de desespero sofrerão as conseqüências disso?

* Oh! Infelizes deles! Porque responderão como por um assassínio.

O homem que se vê às voltas com a necessidade e se deixa morrer de desespero pode ser considerado como suicida?

- É um suicida, mas os que o causaram ou que o poderiam impedir são maís culpáveis que ele, a quem a indulgência espera. Não acredíteís, porém, que seja inteiramente absolvido se lhe faltou a firmeza e a perseverança e se não fez uso de toda a sua inteligência para sair das dificuldades. Infelízdele, sobretudo, se o seu desespero é fílho do orgulho, quero dizer, se é um desses homens em que o orgulho paralisa os recursos da inteligência e que se envergonhariam se tivessem de dever a existência ao trabalho das próprias mãos, preferindo morrer de fome a descer do que chamam a sua posíção social! Não há cem vezes mais grandeza e dignidade em lutar contra a adversidade, em enfrenta a crítica de um mundo fútil e egoísta, que só tem boa vontade para aqueles a quem nada falta, e que vos volta as costas quando dele necessitais? Sacrificar a vida à consideração desse mundo é uma coísa estúpida, porque ele não se importará com ísso.

O suicida que tem por fim escapar à vergonha de uma ação má é tão repreensível como o que é levado pelo desespero?

- O suícídio não apaga a falta. Pelo contrário com ele aparecem duas em lugar de uma. Quando se teve a coragem de praticar o mal, é preciso tê-Ia para sofrer as conseqüências. Deus é quem julga. E, segundo a causa, pode às vezes dimínuir o seu rígor.

O suicídio é perdoável quando tem por fim impedir que a vergonha envolva os filhos ou a família?

- Aquele que assim age não procede bem, mas acredita que sim, e Deus levará em conta a sua intenção, porque será uma expiação que a si mesmo se impôs. Ele atenua a sua falta pela intenção, mas nem por ísso deixa de cometer uma falta. De resto, se abolírdes os abusos da vossa sociedade e os vossos preconceitos, não tereis maís suicídios.

Aquele que tira a própria vida para fugir à vergonha de uma ação má, prova que tem mais em conta a estima dos homens que a de Deus, porque vai entrar na vida espiritual carregado de suas iniqüidades, tendo se privado dos meios de repará-las durante a vida. Deus é muitas vezes menos inexorável que os homens: perdoa o arrependimento sincero e leva em conta o nosso esforço de reparação; mas o suicídio nada repara .

Que pensar daquele que tira a própria vida com a esperança de chegar mais cedo a uma vida melhor?

- Outra loucura! Que ele faça o bem e estará mais seguro de alcançá-la, forma, retarda a sua entrada num mundo melhor e ele mesmo pedirá para vir completar essa vida que interrompeu por uma falsa idéia. Uma falta , qualquer que ela seja, não abre jamais o santuário dos eleitos.

O sacrifício da vida não é às vezes meritório, quando tem por fim salvar a de outros ou ser útil aos semelhantes?

- Isso é sublime, de acordo com a intenção, e o sacrifício da vida não é entao um suicídio. Mas Deus se opõe a um sacrifício inútil e não pode vê-lo com prazer, se estiver manchado pelo orgulho. Um sacrifício não é meritório senão pelo desinteresse, e aquele que o pratica tem às vezes uma segunda intenção, que lhe diminuí o valor aos olhos de Deus.

Todo sacrificio feito à custa da própria felicidade é um ato soberanamente meritório aos olhos de Deus, porque é a prática da lei de caridade. Ora, sendo a vida o bem terreno a que o homem dá maior valor, aquele que a ela renuncia pelo bem dos seus semelhantes não comete um atentado: é um sacrificio que ele realiza. Mas antes de o realizar deve refletir se a sua vida não poderá ser mais útil que a sua morte.

O homem que perece como vítima do abuso das paixões que, como o sabe, deve abreviar o seu fim, mas às quais não tem mais o poder de resistir, porque o hábito as transformou em verdadeiras necessidades físicas, comete um suicídio?

É um suicídio moral Não compreendeis que o homem, neste caso, é duplamente culpado? Há nele falta de coragem e bestialidade, e além disso o esquecimento de Deus.

É mais ou menos culpado do que aquele que corta a sua vida por desespero?

E mais culpado porque teve tempo de raciocinar sobre o seu suicídio. Naquele que o comete instantaneamente há às vezes uma espécie de desvario que se aproxima da Ioucura; o outro será muito maís punido, porque as penas são sempre proporcionadas à consciência que se tenha das faftas cometidas.

Quando uma pessoa vê à sua frente uma morte inevitável e terrível, é culpada por abreviar de alguns instantes o seu sofrimento,por uma morte voluntária?

-Sempre se é culpado de não esperar o termo fíxado por Deus. Aliás, haverá certeza de que ele tenha chegado, malgrado as aparências, e não se pode receber um socorro inesperado no derradeiro momento?

Concebe-se que, em circunstâncias ordinárias, seja o suicídio repreensível mas figuramos o caso em que a morte é inevitável e em que a vida só é abreviada por alguns instantes.

- É sempre uma falta de resignação e de submissão à vontade do Críador.

Nesse caso, quais são as conseqüências de tal ação?

- Uma expiação proporcional à gravidade da falta, segundo as circunstâncías, como sempre.

Uma imprudência que compromete a vida sem necessidade é repreensível?

- Não há culpabilidade quando não há a intenção ou a consciência positiva de fazer o maL

As mulheres que, em certos países, se queimam voluntariamente sobre os corpos de seus maridos, podem ser consideradas como tendo se suicidado e sofrem as conseqüências disso?

- Elas obedecem a um preconceito e geralmente o fazem mais pela força do que pela própria vontade. Acredítam cumprir um dever, o que não é característica do suicido. Sua escusa está na falta de formação moral da maioria delas e na sua ignorância. Essas usanças bárbaras e estúpidasdesaparecem com a civilização.

Os que, não podendo suportar a perda de pessoas queridas, se matam na esperança de se juntarem a elas, atingem o seu objetivo?

- O resultado para elas é bastante diverso do que esperam, pois em vez de se unirem ao objeto de sua afeição, dele se afastam por mais tempo, porque Deus não pode recompensar um ato de covardia e o insulto que lhe é lançado com a dúvida quanto à sua providência. Eles pagarão esse instante de loucura com aflições ainda maiores do que aquelas que quiseram abreviar, e não terão para os compensar a satisfação que esperavam. (Ver item 934 e seguintes).

Quais são, em geral, as conseqüências do suicídio sobre o estado de Espírito?

- As conseqüências do suicídio são as maís diversas. Não há penalídades fixadas e em todos os casos elas são sempre relativas às causas que o produziram. Mas uma conseqüência a que o suícída não pode escapar é o desapontamento. De resto, a sorte não é a mesma para todos, dependendo das circunstâncias. Alguns expiam sua falta ímedíatamente, outros numa nova existência, que será pior que aquela cujo curso interromperam.

A observação mostra, com efeito, que as conseqüências do suicídio não são sempre as mesmas. Há, porém, as que são comuns a todos os casos de morte violenta, as que decorrem da interrupção brusca da vida. É primeiro a persistência mais prolongada e mais tenaz do laço que liga o Espírito e o corpo, porque esse laço está quase sempre em todo o seu vigor no momento em que foi rompido, enquanto na morte natural se enfraquece gradualmente e em geral até mesmo se desata antes da extinção completa da vida. As conseqüências desse estado de coisas são a prolongação da perturbação espírita, seguida da ilusão que, durante um tempo mais ou menos longo, faz o Espírito acreditar que ainda se encontra no número dos vivos. (Ver itens 155 e 165).

A afinidade que persiste entre o Espírito e o corpo produz, em alguns suicidas, uma espécie de repercussão do estado do corpo sobre o Espírito, que assim ressente, malgrado seu, os efeitos da decomposição, experimentando uma sensação cheia de anmgústias e horror. Esse estado pode persistir tao longamente quanto tivesse de durar a vida que foi interrompida. Esse efeito não é geral; mas em alguns casos o suicida nao se livra das consequências de sua falta de coragem e cedo ou tarde expia essa falta, de uma ou de outra maneira. É assim que certos Espíritos, que haviam sido muito infelizes na Terra, disseram haver se suicidado na existência precedente e estar voluntariamente submetidos a novas provas, tentando suportá-las com mais resignação. Em alguns é uma espécie de apego à matéria, da qual procuram inutilmente desembaraçar-se para se dirigirem a mundos melhores, mas cujo acesso lhes é interditado. Na maioria é o remorso de haverem feito uma coisa inútil, da qual só provam decepções.

A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como contrário à lei natural. Todos nos dizem em princípio, que não se tem o direito de abreviar voluntariamente a vida. Mas porque não se terá esse direito? Por que não se é livre de pôr um termo aos próprios sofrimentos? Estava reservado ao Espiritismo demonstrar, pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é apenas uma falta como infração a uma moral, consideração que pouco importa para certos indivíduos, mas um ato estúpido pois que nada ganha quem o pratica e até pelo contrário. Não é pela teoria que ele nos ensina isso, mos pelos próprios fatos que coloca sob os nossos olhos. (1)

(1)O argumento espírita contra o suicídio nao é apenas moral, como se vê, mas também científico, firmando-se no princípio de ligacao entre o Espírito e o corpo. A morte, como fenômeno natural, tem as suas leis que o Espiritismo revelou através de rigorosa investigacao. O sofrimento do suicida decorre do rompimento arbitrário dessas leis: é como arrancar à forca um fruto verde da árvore.

Questões de 943 a 957 do Livro dos Espíritos – Allan Kardec

DESENCARNAÇÃO OU MORTE

Desencarnação é o despreendimento do corpo, cessação da vida orgânica.
O espírito revestido do perispírito retorna ao mundo espiritual.
O espírito se afasta gradativamente despreendendo-se dos pés para a cabeça. O último laço que desliga é o cérebro.
Quanto mais espiritualizado é a pessoa, mais rápido é o despreendimento

Quanto mais material e sensual for o espírito, mais demorado é o despreendimento, podendo demorar horas, dias, semanas.

Os muito materialistas permanecem junto ao corpo e vêem sua destruição, o mesmo acontecendo com os suicidas.

Os suicidas são obrigados a verem o ato que cometeram, várias vezes.

Ele acorda, vê o fato e fica sedado, isto se repetindo muitos e muitos anos.

PERTURBAÇÃO ESPIRITUAL

Todos passam por uma confusão mental.É como se a pessoa acordasse de um longo sono.

A lucidez vai voltando lentamente à medida que vai cessando as influências da matéria.

Os espíritos mais evoluídos tem uma perturbação mental muito pequena, alguns chegando a praticamente zero. Outros só depois de muitos anos saem deste torpor.

Aos poucos o espírito vai reconhecendo os amigos, os parentes, parentes de outras existências, vai se familiarizando.

O espírito atrasado não consegue ver, mas muitos espíritos evoluídos o ajudam.

Nas mortes violentas a perturbação é maior tanto para os espíritos evoluídos como para os outros. Estes espíritos são sedados pelos irmãos espirituais. Todos são socorridos em hospitais onde o despreendimento vai acontecendo gradualmente.

Do outro lado o espírito continua ele mesmo, do mesmo jeito.

Através do perispirito ele continua com a mesma aparência.

Sua consciência depende do que ele fez na vida anterior: feliz ou infeliz conforme os atos praticados.

Livre ele pode estudar, trabalhar e preparar-se para uma nova reencarnação.

PARA ONDE VÃO OS ESPÍRITOS AO DESENCARNAREM?

Todos permanecem errantes por algum tempo, ou seja, um período de adaptação no outro mundo.

Quem desencarnou com alguma doença, vai fazer um tratamento, pois a doença não cessa com o desencarne. O perispírito precisa de tratamento para pegar novas tarefas, portanto muitos ficam internados em hospitais.

Pequenas tarefas são dadas aos espíritos a fim de que eles continuem o seu trabalho.

Espíritos materialistas podem permanecer junto ao corpo até a destruição deste.

Outros vêem a briga de seus parentes pela sua herança.

Outros vêem seus parentes esbanjarem tudo que o decujo conseguiu e sofre muito com isto.

Os materialistas miseráveis criam muito ódio contra todos que usarem os bens deixados por ele.

Alguns espíritos nem sabem que desencarnaram e permanecem junto aos seus por muitos e muitos anos. Desconfiam de alguma coisa, pois percebem algumas mudanças: ninguém lhe responde, ele não consegue por ordem em suas coisas, ninguém lhe vê. Um centro espírita pode ajudar muito a estes espíritos.

Estando em plena consciência, o espírito vai para uma colônia espiritual trabalhar, estudar e se preparar para uma outra reencaranação. A nova reencarnação pode acontecer dentro de algumas horas ou de século

TIPOS DE DESENCARNES

Morte demorada, com muito sofrimento – geralmente são espíritos materialistas. No fundo não querem desencarnar.

Morte rápida como se fosse um sono – espíritos mais evoluídos.

Morte violenta – (espíritos evoluídos ou não) resgate de débitos anteriores.(Espancamento com morte, ódio, vingança, guerra, etc.)

Morte com bala perdida – Resgate de débitos anteriores, retirada da vida orgânica (O espírito está se deturpando mais do que deve).

Morte depois de muitas doenças graves: câncer, tuberculose, aids – resgate de débitos anteriores.

MORTES PREMATURAS:

Alguns espíritos que vêem cumprir um restante de tempo

Espíritos que vêem abrir os olhos da família para a espiritualidade

Retirada da matéria por estar sendo levado para o lado errado

Retirada da matéria por não estar cumprindo o projeto feito na espiritualidade


A Missão da Maternidade

O Bispo de La Serena, Chile, Dom Ramon Angel Jara, teve oportunidade de escrever um texto muito poético que diz:

Uma simples mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de Deus.

Pela constância de sua dedicação, tem muito de anjo. Que, sendo moça, pensa como uma anciã e, sendo velha, age com as forças todas da juventude.

Quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda os segredos da vida.

Quando sábia, assume a simplicidade das crianças. Pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama. Rica, sabe empobrecer-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos.

Forte, estremece ao choro de uma criancinha. Fraca, se revela com a bravura dos leões.

Viva, não lhe sabemos dar valor porque à sua sombra todas as dores se apagam.

Morta, tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vê-la de novo, e dela receber um aperto de seus braços, uma palavra de seus lábios.

Não exijam de mim que diga o nome dessa mulher, se não quiserem que ensope de lágrimas esse álbum. Porque eu a vi passar no meu caminho.

Quando crescerem seus filhos, leiam para eles esta página. Eles lhes cobrirão de beijos a fronte. Digam-lhes que um pobre viandante, em troca da suntuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato de sua própria mãe.

Na atualidade, a mulher assumiu muitos papéis. Lançou-se no mundo e se transformou na operária, juíza, cientista, professora, militar, policial, secretária, empresária, presidente, general e tudo o mais que, no passado, era privilégio do homem.

A mulher se tornou em verdade uma super-mulher que, além dos afazeres domésticos, conquistou o seu espaço no mercado de trabalho.

Naturalmente, não para competir com o homem, mas para somar com ele, pois dos esforços de ambos resulta o sustento e o bem-estar da família.

A rainha do lar se transformou na mulher que atua e decide na sociedade.

Das quatro paredes do lar para o palco do mundo. Contudo, essa mulher senadora, escriturária, deputada, médica, administradora de empresa não perdeu a ternura.

Ela prossegue a acolher em seu ninho afetivo o esposo e os filhos.

Equilibrada e consciente, ela brilha no mundo e norteia o lar. Embora interprete muitos papéis, ela não esqueceu do seu mais importante papel: o de ser mãe.

* * *

Dentre todas as mulheres que se projetaram no mundo, realizando grandes feitos, a nossa lembrança recua no tempo buscando uma mulher especial.

A história não lhe registra grandes discursos, mas o Evangelho lhe aponta gestos e palavras que valem muito mais.

Mãe de um filho que revolucionou a História, manteve-se firme na adversidade, na dor, exemplificando o que Ele ensinara.

Não deixou testamento, riquezas ou haveres mas legou à Humanidade a excelente lição da mulher que gera o filho, alimenta-O e O entrega ao mundo para servir ao mundo.

Seu nome era Maria... Maria de Nazaré.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Um poético e autêntico retrato de uma genitora – nossa homenagem à toda mulher-mãe, do jornal Correio fraterno do ABC, de maio de 2000 e no texto Retrato de mãe, de Dom Ramon Angel Jara, Bispo de La Serena, Chile, tradução de Guilherme de Almeida.
Em 29.04.2011.