Parentesco, filiação
"O Livro dos Espíritos" Questões 203 a 206
Não são os pais que criam o Espírito de seus filhos, e nem transmitem parte de sua própria alma, porque a alma é indivisível.
O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porque o Espírito existia antes da formação do corpo.
Os pais fornecem aos filhos o invólucro corporal que, devido à hereditariedade e carga genética, tem uma semelhança física e de disposições orgânicas.
Encarnados, ou não, todos somos Espíritos criados por Deus e, portanto, irmãos. A humanidade inteira é, assim, uma família.
Como temos tido várias existências, nossa parentela antecede a existência atual. A sucessão de existências corporais estabelece entre os Espíritos laços que vêm de vidas anteriores, ocorrendo assim os casos de simpatia entre nós e certos Espíritos, podendo ocorrer que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito do que se fossem pelo sangue, podem se atrair, se procurar, dar-se bem juntos.
Os Espíritos estão unidos pela afinidade antes, durante e depois das encarnações. Os verdadeiros laços de família não são, pois, os da consangüinidade, mas os da simpatia e da comunhão de pensamento.
No mundo espiritual, os Espíritos formam grupos que são atraídos pela afeição, simpatia e semelhança das inclinações.
Há, pois, duas espécies de família: as famílias pelos laços espirituais, e as famílias pelos laços corporais; as primeiras mais duráveis, se fortalecem pela depuração, e se perpetuam nos mundo dos Espíritos; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e se dissolvem moralmente desde a vida atual.
A encarnação apenas momentaneamente e parcialmente os separa, se uns encarnam e outros não, nem por isso deixam de estarem unidos pelo pensamento. Os que se conservam livres velam pelos que se acham em cativeiro. Os mais adiantados se esforçam por fazer com que os retardatários progridam.
E, ao regressarem à erraticidade, novamente se reúnem como amigos que voltam de uma viagem. Muitas vezes até, uns seguem os outros na encarnação, vindo aqui reunir-se numa mesma família, ou em um mesmo círculo de conhecimentos e amizades, a fim de trabalharem juntos pelo seu mútuo adiantamento.
A reencarnação não destrói os laços de família, antes os fortalece, pela possibilidade que temos do reencontro e amparo na caminhada evolutiva.
A unicidade das existências, pelo contrário, romperia esses laços, porque, nesse caso, os familiares não estariam ligados antes do nascimento e poderiam não estar ligados depois, pela diferença da posição espiritual que viessem a ocupar e que seria para sempre, como pensam os que acreditam em céu e inferno.
Uma "família espiritual", significando um grupo com o qual a pessoa se sinta inteiramente bem e no qual nunca tenha problemas, é coisa que ainda estamos construindo e que a maioria de nós não possui, nem aqui, nem no além.
A família que temos é tal como a fizemos até agora ou tal como dela precisamos para nossa evolução.
Nela há um variado tipo de pessoas e foi formada em função de nossas expiações, de nossa necessidade de aprendizado ou de nosso desejo de realizarmos boas obras.
Para que esse aprendizado se realize, temos algumas causas e efeitos, em linhas gerais, para nosso atual círculo reencarnatório:
- Afinidade - nossos familiares serão pessoas com as quais combinamos bem;
- Provas e aprendizado - quando são bem diferentes de nós ( testam nossas virtudes e nos ensinam aspectos diferentes da vida );
- Reajuste e reconciliação - são aqueles com os quais temos débitos, ou tem seu débito conosco;
- Oportunidade de servir - quando precisam de nós, a quem podemos ajudar com nosso amor e entendimento.
Compreende-se do estudado que a importância que podemos dar a nossa genealogia vem do orgulho, pois o que a maioria honra em seus ancestrais são o título, a posição e a fortuna.
De todo modo, a admiração pelos ancestrais é importante, desde que nos sintamos felizes por pertencer a uma família na qual Espíritos elevados se encarnaram.
Os Espíritos nos dizem:
" Embora os Espíritos não procedam uns dos outros, eles não tem menos afeição aos que lhe estão ligados pelos laços de família, visto que os Espíritos, freqüentemente, são atraídos em tal ou tal família em razão de simpatia ou por ligações anteriores. Mas crede que os Espíritos dos vossos ancestrais não se honram pelo culto que lhes fazeis por orgulho. Seus méritos não refletem sobre vós senão pelo esforço que fizerdes por seguir os bons exemplos que vos deram, e é só assim que a lembrança pode não somente lhes ser agradável, mas até útil. "
Bibliografia consultada: Iniciação ao Espiritismo ( Therezinha Oliveira ), O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos ( Allan Kardec )
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