segunda-feira, 27 de junho de 2011

CONTRADIÇÃO

Muitos companheiros, a pretexto de se guardarem contra o mal, evitam contatos com esse ou aquele círculo de serviço, caindo freqüentemente em males de maior monta.
E para isso, quase sempre, recorrem a negativas de várias espécies. Dizem-se pecadores, mas fogem deliberadamente ao ensejo que lhes propicia a aquisição de virtude.
Afirmam-se devedores, quando, nesse aspecto, lhes cabe maior diligência na solução dos compromissos de que se oneram. Declaram-se inúteis, ausentando-se dos quadros de trabalho em que poderiam mostrar os préstimos de que são mensageiros. Asseveram-se imperfeitos, desertando da luta capaz de conferir-lhes mais amplo burilamento...
Categorizam-se por neurastênicos angustiados, sem compaixão para com aqueles que lhes suportam a bile.
Acreditam-se perseguidos por espíritos inferiores, sem jamais ofertar-lhes qualquer recurso de amor à renovação.
Lamentam-se. Colecionam queixumes. Exageram sintomas. Escusam-se e choram. Ante a educação que ilumina e a caridade que levanta, imaginam-se ignorantes e fracos, malogrados e infelizes, muitas vezes mentalizando infortúnio e frustração, tédio e suicídio.
Transitam aqui e ali, entre a desconfiança e o desânimo, sentindo-se habitualmente desamparados e incompreendidos, destacando-se, onde surjam, à maneira de sensitivas ambulantes, temendo ciladas e tentações. E encerram-se, por fim, na reclusão de si mesmos como se, insulados e inertes, estivessem conquistando altura moral. Contudo, nada mais conseguem que a fuga do dever a cumprir, porque, se, em verdade, procuram a apetecida libertação do mal, é imprescindível entendam que a melhor maneira de extinguir-se o mal será fazermos para com todos e em toda parte a maior soma de bem.

Emmanuel

Do Livro: Religião dos Espíritos
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Editora: FEB

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