sábado, 30 de julho de 2011


Por que os Espíritos foram criados?
Algumas Considerações

  • Nos termos da questão 27 de O Livro dos Espíritos, existem dois elementos gerais do Universo, matéria e Espírito, e de forma imanente[1] e emanente[2], Deus, que deve ser lido (compreendido) como aInteligência Suprema, causa primária de todas as coisas, e obviamente não como um velhinho de barba branca;
  • É preciso que ocorra a união do Espírito com a matéria para que a inteligência (q.23, 76 e 134-b)) se manifeste na matéria (q.25);
  • Fomos sim criados simples e ignorantes[3], ou seja, sem conhecimento (q.115), em estado natural[4], e temos como missão, através do uso pleno do nosso livre-arbítrio, construirmos a nossa evoluçãointelectual e moral[5], objetivando chegarmos à condição de Espíritos Puros, quando cumpridas todas as nossas provas reencarnatórias[6], com submissão e não com lamentações, sugerindo-se, assim, que isso ocorra, em benefício do próprio Espírito, preferentemente pelo amor e não pela dor, ou seja, sem nos desviarmos da Lei Natural (q.614), que é a Lei de Deus e que está escrita em nossa consciência[7](q.621), e só somos infelizes quando nos afastamos dela;
  • Em algum momento nós Espíritos fomos criados, mas ainda não estamos prontos (pelo menos em neste planeta) para sabemos nem quando nem como (q.78, 23-a e 24);
Obs.: talvez, se procurarmos entender o instituto cósmico da Reencarnação e o Livre-Arbítrio, o tema fique mais compreensível para todos nós:

  • REENCARNAÇÃO é a pluralidade de existências corpóreas que o Espírito necessita para aprender e aperfeiçoar-se, tanto na Terra como em outros planetas do universo e tem como objetivo a evolução intelectual e moral dos espíritos;
  • A Lei Natural impõe a reencarnação aos Espíritos como oportunidade para que cheguem à condição deESPÍRITOS PUROS (q.132, 166 a 170 e 337) e cumprir também a sua parte na obra da Criação, pois ésomente pelo esforço/trabalho do corpo físico que o Espírito efetivamente aprende (adquire conhecimento)(LE-Princípios Básicos, p.42);
  • Livre-Arbítrio é a liberdade de pensar e agir[8] que o Espírito possui, encarnado ou não, construindo todos os dias o seu futuro, tendo como limitantes a inteligência, a contingência e a cultura;
Não nos parece adequado pensarmos que nós Espíritos fomos dotados de sentimentos primitivos (q. 121 e 620), pois a única coisa colocada em nossa consciência, como Espíritos que somos, foi a Lei Natural, que é a Lei de Deus, e é de acordo com ela que devemos proceder, tendo-se presentes as questões 119, 630, 631, 633, 634 de O Livro dos Espíritos;

É verdade, todavia, que em nossa origem somos como crianças, ignorantes e sem experiência, construindo aos poucos os nossos conhecimentos com rapidez proporcional à nossa vontade, docilidade e submissão à vontade de Deus, o que nos levará à condição de Espíritos Puros, quando desfrutaremos da felicidade plena e conheceremos todas as verdades, inclusive os motivos para os quais fomos criados (q.115-a, 116 a 118).
Pondere-se, também, que talvez possa nos ajudar em muito se trabalharmos o nosso Autoconhecimento[9]como meio prático e eficaz para melhorarmos a nossa vida e resistirmos aos arrastamentos do mal, que nada mais é que a ausência do bem (q.919 e 919-a).

Finalmente, pondere-se que se “fé é a crença que se alcança pelo conhecimento”, pode-se inferir que “fora do conhecimento não há evolução.”

Ainda em relação ao tema, positivo poderia ser refletirmos sobre as frases abaixo:

“Não andeis ansiosos pelo dia de amanhã; basta a cada dia o seu cuidado”
Jesus(6 a.C.-30 d.C.)

“Eu penso 99 vezes, e nada descubro; deixo de pensar e mergulho no silencio – e eis que a verdade me é revelada”
Albert Einstein(1879-1955)

“Não existe nenhum caminho lógico para o descobrimento das leis elementares – o único caminho é o da intuição”
Albert Einstein(1879-1955)

“O materialismo da Terra, que é frágil, impressiona e cria um faz-de-conta que retarda, em alguns homens, o entendimento da sua própria singularidade”
Grimm
    Resumo efetuado por Oduvaldo Mansani de Mello, Teólogo Espírita, Curitiba, Paraná, em 30.07.11.


    [1] Aquilo que pertence inseparavelmente à essência de algo ou que surge dele.
    [2] O que vem de, o que tem origem em, o que deriva de, o que difunde-se de, o que se divulga a partir de algo ou de alguém. Obs.: Deus só pode ser lido como transcendente quando colocado epistemologicamente como objeto do conhecimento.
    [3] Nesta fase, como Espíritos Imperfeitos, temos a intuição de Deus, mas não o compreendemos (q.101)
    [4] Questão 776 e 777 de o Livro dos Espíritos
    [5] O Livro dos Espíritos, questões 112, 170, 192, 365, 751, 776, 780, 780-a, 780-b, 785, 791, 792-a, 793 e 898)
    [6] Missão, expiação, provação e carma.
    [7]Conhecimento que uma pessoa tem de si mesmo, de seus atos, dos outros, da natureza, do Universo e de Deus. Trata-se de um atributo do Espírito, portanto algo não-corpóreo e por isso não deve ser confundida com mente ou cérebro.
    [8] De pensar e agir, e não só de pensar e nem só de agir.
    [9] Consciência de si mesmo, seus potenciais, suas limitações, conhecimento do que se quer ser.

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