A CURA PELA FÉ
“Fé é a confiança que se deposita na realização de determinada coisa, a certeza de atingir um objetivo”
Kardec, ESE: XIX
Mesmo não cristãos não deixam de se referir à expressão “a fé remove montanhas”, quando querem se referir à obstinação de alguém que queira atingir determinado objetivo.
Já os verdadeiros cristãos sabem que a expressão vem do texto de Mateus, cap. XVII, v.14 a 19, se referindo ao episódio em que Jesus ouve de um pai aflito que seu filho está atormentado, e que apresentado aos discípulos do Mestre, não o puderam curá-lo. Jesus manda para trazê-lo, e ameaçando o demônio este se retirou curando o menino.
Os discípulos procuraram Jesus mais tarde e Lhe indagaram “porque não pudemos expulsar esse demônio? Jesus lhes respondeu: por causa de vossa incredulidade, pois em verdade vos digo :se tiverdes a fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a esta montanha: transporta-te daqui para lá, e ela se transportará, e nada vos será impossível”.
Os estudos sobre o poder da fé vão encontrar na sua forma mais simples no capítulo XIX do Evangelho Segundo o Espiritismo, como lição magistral de Kardec a todos cristãos para que tenham fé inabalável nas palavras do Mestre.
Importante distinguir a fé raciocinada da fé cega, pois a fé cega pode nos levar a aceitar o falso pelo verdadeiro, pois nada examinando é levada ao fanatismo. E por falta de convicção e baseada em erro, cedo ou tarde ela será destruída e aí surge a decepção.
A fé raciocinada é a que tem por base a verdade, assentada em garantia de futuro promissor, onde se realizarão os desejos que cada um anseia alcançar na graça da Divina Providência. Ela se apóia nos fatos e na lógica, não deixa se influenciar por nenhuma obscuridade. E Kardec nos diz “não existe fé inabalável, senão aquela que pode olhar a razão face a face, em todas as eras da humanidade”. (Revista Espírita, 1867, pg. 41)
Vamos buscar algumas afirmativas de espíritos iluminados e evoluídos:
“Fé é a força que sustenta o espírito na vanguarda do combate pela vitória da luz divina e do amor universal” (No mundo Maior, André Luiz)
“Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza de que ultrapassou o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração repousar numa energia constante de realização divina da personalidade” (O Consolador, Emmanuel, q. 354)
“... A fé só foi compreendida, até o presente, no seu sentido religioso porque o Cristo a revelou como poderosa alavanca, e porque Nele só viram um chefe de religião” (Kardec, ESE, XIX)
E como abordar a cura pela fé?
Simplesmente buscando nessas afirmativas sobre a fé a vontade de se ver curado, a vontade de receber do Divino Mestre o lenitivo para os males do corpo. Mas que não se leve à conta de milagre, pois a cura espiritual também está ligada ao valor do mérito de cada um, subordinada a um momento muito especial que trazemos da espiritualidade como recompensa pelas obras que conseguimos juntar a nosso favor.
“Na obra Entre o Céu e o Inferno o espírito André Luiz transmite a seguinte explicação, que recebeu de Clarêncio:”. Na obra assistencial dos espíritos amigos que interferem nos tecidos sutis da alma, é possível, quando a criatura se desprende parcialmente da carne, a realização de maravilhas. Atuando nos centros de força do períspirito, por vezes efetuamos alterações profundas na saúde dos pacientes, alterações essas que fixam no corpo somático de maneira gradativa. Grandes males são assim corrigidos, enormes renovações são assim realizadas, mormente quando encontramos o serviço da prece na mente enriquecida pela fé transformadora, facilitando-nos a intervenção pela passividade construtiva do campo em que devemos operar; a tarefa de socorro realiza verdadeiros milagres”.
Desejo agora descrever, sucintamente, um episódio de que participei no ano de 1957, em São Paulo, integrando um grupo de trabalhadores espirituais formado no seio da minha família.
Participava um amigo muito querido que veio a ter um problema muito grave de gangrena e que deveria ser operado para amputar parte do pé. Estava internado no Hospital Leão XIII. no Ipiranga, e na noite anterior fomos ao seu quarto para rogarmos a magnitude e bondade de Jesus em favor do nosso querido irmão.
Éramos cinco médiuns e ele próprio também médium. Ao chegarmos ele nos informou que havia escrito uma carta ao médico cirurgião rogando que antes de levá-lo para a mesa cirúrgica, tornasse a examiná-lo, pois acreditava e tinha fé no poder Divino.
Eu mesmo fechei a porta com chave ao ser dado o sinal de encerramento das visitas, e nos colocamos ao redor da cama formando uma corrente de caridade e preces. Enquanto orávamos o Pai Nosso a porta se abriu e uma freira nos disse que como orávamos pedindo a Jesus pelo paciente, poderíamos permanecer e voltei a trancar a porta.
Concentrados sentimos a ação benéfica de mentores espirituais e Tia Amélia, vidente, ia nos descrevendo o que se passava. Espíritos de médicos desencarnados trabalhavam na zona necrosada, removendo (do períspirito) a gangrena e fazendo circular o sangue limpo.
Durante mais ou menos uma hora e pouco ali permanecemos em preces e rogativas ao Alto, elevando o nosso pensamento a Deus com muita fé e convicção na ação espiritual em favor do nosso amigo e irmão. Ao final agradecemos a Deus a oportunidade que nos foi dada de poder nos reunir procurando praticar a caridade em favor de alguém que padecia de um mal do corpo, e se fosse esse o desejo de Deus, que os amigos espirituais pudessem ter êxito no trabalho que realizavam.
No dia seguinte o médico atendeu ao pedido, e leu a carta. Resolveu fazer o exame solicitado e qual não foi a sua surpresa ao verificar que a cirurgia se tornara desnecessária pela melhora acentuada resultante da aplicação dos remédios prescritos.
A nós coube, naquela mesma noite, nos reunirmos e agradecer a Deus pelos instantes venturosos que vivêramos no atendimento fraterno.
A fé remove ou não remove montanhas? Claro que sim, se entendermos que como sempre Jesus nos mostrou Suas lições de forma figurada, e nesse caso a montanha era a moléstia que acometeu o nosso amigo.
A nossa fé removeu a montanha e demos graças a Deus.
retirado do site kardec on line
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