Duas mães
Narra o Evangelista Lucas que um anjo do Senhor foi enviado a uma cidade da Galileia chamada Nazaré. Sua missão era transmitir um recado muito importante.
Entrou em casa de uma jovem chamada Maria e a saudou, apresentando-se:
Sou Gabriel, um dos mensageiros de Yaweh. Venho confirmar-te o que teu coração aguarda, de há muito. Teu seio abrigará a glória de Israel.
Conceberás e darás à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo e o Seu reino não terá fim.
O mensageiro celeste ainda lhe disse que sua prima Isabel se encontrava grávida, alcançando já o sexto mês de gestação.
E Maria foi ao encontro dela, que habitava uma cidade da Judeia.
O encontro de ambas é comovente. Isabel, ao ver sua prima à porta do jardim, corre-lhe ao encontro e a saúda.
Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. E donde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?
E explica que, tão logo a voz de Maria cumprimentando-a, à distância, chegou aos seus ouvidos, o menino exultou de alegria em seu ventre.
Duas mulheres. Duas mães. Isabel deu a luz a João, o arauto do Senhor.
Depois de lhe ter acompanhado a infância, a adolescência, a juventude, o viu buscar as estradas do mundo.
Ela sabia, desde o anúncio espiritual a seu marido, no templo, que seu filho nasceria para ser aquele que aplainaria as veredas do Senhor.
Ele iria à frente, anunciando a chegada do Reino de Deus e que o Rei já se encontrava entre os homens.
Terá sabido das tantas coisas que se diziam a respeito dele? Louco, lunático, ermitão.
Quantos lhe terão rido nas ruas, apontando-a como a mãe do estranho homem que se vestia com pele de animal e trazia cabelos e barba crescidos...
Terá sabido da sua prisão, da morte por degola? Terá sabido de que aquela cabeça, que ela tantas vezes acarinhara, retendo-a tão próxima do seu colo, foi oferecida, em uma salva de prata, como prêmio a uma mulher alucinada pela vingança?
E Maria? Ao afirmar ao mensageiro celeste que tudo nela se cumprisse, conforme ele anunciava, tinha plena consciência de todas as dores que a alcançariam.
Viúva, ela viu o filho sair de casa para cumprir a Sua missão. Um filho sempre contestado, perseguido e, por fim, supliciado da forma mais torpe.
Crucificado como um celerado, quando Ele nada mais fizera que semear estrelas de amor nos corações.
Maria e Isabel. Duas mães que bem souberam cumprir sua missão. Deram à luz a filhos cujas missões não desconheciam elas, desde o princípio.
E, despojadas de egoísmo, os viram partir, sofrendo à distância, pelas notícias inquietantes.
Duas mães que nos levam a meditar profundamente na missão da maternidade. Gerar filhos, educá-los, entregá-los ao mundo para realizarem as grandes reformas do pensamento, da ciência, das artes.
Pensemos nisso nesses tempos de transição do mundo.
Redação do Momento Espírita.
Em 23.08.2011.
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