sábado, 17 de agosto de 2013


O POTE RACHADO - estória contada por Divaldo Franco


Um homem contratou um servo para diariamente completar os seus depósitos com água.
O servo comprou dois potes, como é comum na Índia, amarrou-lhes cordas à boca e prendeu em uma haste resistente para carregar, sobre os ombros, os dois potes de água.
Diariamente, ele ia à fonte, enchia os potes, trazia-os, completando os depósitos e era feliz com seu amo e com seu trabalho.
Um dia, um pote rachou e, a partir daí, sempre a água que o pote rachado levava derramava pelo caminho, perdendo a metade pela rachadura.
Perdendo-se água, o carregador dava mais uma viagem, retornando à fonte outra vez.
Um dia, o pote rachado disse:
- Meu rapaz, eu quero lhe pedir um favor: jogue-me fora, substitua-me. Eu sou motivo de cansaço para você. Pela minha rachadura perde-se muita água, e você tem que dar outra viagem!
O carregador lhe respondeu:
- Mas eu não estou me queixando.
- Sim, mas eu estou. Você é tão gentil comigo, preservando-me. Quebre-me, eu já estou na hora de ser abandonado, estou imprestável.
O homem que o carregava propôs:
- Olhe aqui, venha ver, por favor.
Carregou-o com cuidado, subiu o aclive e explicou-lhe
- Veja a distância daqui até a casa do amo. Note este lado como está verde, como está cheio de flores e note o outro, como está árido.
O pote olhou e confirmou:
- De fato, que se passa?
Ele esclareceu:
- Pois é, quando eu percebi que você ia derramar água, comecei a pensar que, você poderia ser-me útil. Então, eu semeei flores, atirei sementes, pólen e, diariamente, você se encarregava de molhá-los, poupando-me esse trabalho. As sementes germinaram, e aí está, deste lado eu tenho um jardim e sem nenhum trabalho; você o molha para mim todo dia.
- Mas que maravilha! Mas eu sou um transtorno na sua vida, porque o seu amo percebe o seu cansaço que resulta das duas viagens.
Ele concluiu:
- Mas meu amo gosta de mim, porque diariamente, quando eu lhe preparo o café, venho a este lado do jardim, tiro algumas flores que você umedece e coloco-as no jarro, embelezando a mesa onde meu amo alimenta-se. E ele, diante da mesa florida, fica muito feliz. Daí você me é de uma utilidade incomparável.
O pote rachado calou-se e o servo continuou conduzindo-o.


CONCLUSÃO: O que podemos tirar dessa estória é que, um grande número de nós é constituído por potes rachados.
Enquanto não se encontram potes mais perfeitos, Deus nos utiliza de acordo com as nossas próprias deficiências para a prática do bem.
Temos como exemplo o Mestre Jesus que, escolheu 12 homens para a propagação da Boa Nova, não 12 anjos.
Por isso, não podemos deixar de fazer o bem porque temos imperfeições, porque temos dificuldades, porque temos limites.
Não podemos esperar a perfeição para sermos úteis, temos sim que, sermos úteis para alcançarmos a perfeição.
Deus não nos daria a oportunidade da reencarnação se não acreditasse em nós, quem não acredita em nós somos nós mesmo, quando dizemos: “quebre-me”, “substitua-me”, “estou imprestável”.
Porque muitos espíritas dizem: “Eu ainda não sou espírita, mas gostaria de ser, eu ainda não sou perfeito.” Mas, se Kardec disse que: “Reconhece-se o espírita pelo esforço que ele faz para melhorar-se”, significa que, se temos algo a melhorar, é porque não somos perfeito, portanto nosso discurso deveria ser assim: “Eu sou espírita imperfeito, um vasilhame rachado, mas estou tentando tornar-me melhor."
E, se esperarmos a perfeição para dizermos ser espíritas, não seremos nunca. Pois, quando alcançarmos a perfeição, não seguiremos mais uma religião, ou melhor, um rótulo religioso, porque nossa religião será a prática do AMOR.

Então, se estamos aqui colhendo flores neste jardim maravilhoso que é o Espiritismo, é porque outros potes rachados regaram este jardim para nós.
Não sejamos figueiras estéreis, revestidos só de palavras bonitas, sejamos uma árvore que dá frutos, ou seja, que trabalhe, (porque a fé sem obras é morta), e que estes frutos atraiam outros para saboreá-lo, para tomar gosto e quem sabe, dar continuidade ao nosso trabalho.
E é nesta luta, que devemos fazer o melhor hoje, para que talvez, na próxima encarnação, venhamos um pote com uma rachadura menor, ou seja, com menos defeitos, e quem sabe, com mais utilidade.
Portanto, continuemos levando a nossa água, talvez não cumpramos exatamente com nosso dever, diante da meta que traçamos em nossa vida.
Mas, pelo menos, que em nosso caminho, haja flores para aqueles que vierem depois colhendo e bendizendo o pote rachado que por ali passou.

GRUPO DE ESTUDO ALLAN KARDE

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