A Parábola do Semeador
A Parábola do Semeador Comece a explanação lembrando ao púbico que geralmente, quando temos contato com novos conhecimentos e princípios, a primeira atitude é tentar levar estas novidades aos nossos parentes e amigos íntimos. Isto porque gostaríamos que eles sentissem a mesma satisfação que estamos tendo. Porém, muitas vezes nosso próximo não entende os princípios como nós entendemos. Acham-nos irreais, complicados ou bons para ouvir, mas não para praticar. Isso acaba nos desanimando. Mas há uma passagem evangélica, uma parábola, em que Jesus comenta esta situação e à luz da Doutrina Espírita passaremos a compreender por que isso acontece. Nas parábolas, são contadas histórias, geralmente com personagens típicos do ambiente do contador e ouvinte, com um fundo moral. Jesus utilizava muito deste recurso, pois poucos de sua época tinham a condição de entender o que ele dizia, devido à evolução espiritual deles. Ele mesmo afirma isso em Mateus, capítulo XIII, versículo 13 desta passagem. E existindo diferentes graus de evolução espiritual e de entendimento, cada um enxerga de uma maneira, e mesmo que queiramos fazer com que alguém compreenda algo à força, nossa tentativa será em vão. Tudo tem sua hora. Esta é a lei da natureza.
"Eis que o semeador saiu a semear.
E quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho,
e vieram as aves, e comeram-na;
E outra parte caiu em pedregais, onde não
havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda;
Mas vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.
E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na.
E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça".
(Mateus, XIII, 3 a 9).
O semeador da parábola é Jesus. As sementes são seus ensinos, os quais são distribuídos ao mundo através das religiões. A partir daí, o Mestre começa fazer um comparativo na maneira de ver e entender de cada pessoa, demonstrando as nuanças da personalidade humana. As sementes que caem ao pé do caminho e que são comidas pelas aves do céu antes que nasçam simbolizam aqueles que, mesmo tendo a oportunidade de conhecer a palavra de Deus, não se importam com ela. Estão com o pensamento totalmente voltado para a vida mundana. Tudo que se relaciona a Deus ou à moral cristã é visto com desprezo. Jesus compara as aves aos Espíritos maus que aproveitam as más tendências destes indivíduos para os atormentar e inspirá-los a permanecerem longe do Criador. Já as sementes que caem em pedregais, nascendo logo devido à pouca profundidade da terra, lembra os que conhecem a palavra de Deus e como que num passe de mágica, maravilham-se. Sua mudança de conduta é instantânea, chegando mesmo a ser radical. Tudo que fazem passa a ser voltado para Deus e qualquer deslize de atitude é um martírio. Na verdade, retratam os seres que creram, mas não compreenderam os ensinos espirituais. Acreditam estar isentos de qualquer outra dificuldade em suas vidas, por estarem dedicando-se ao extremo no trabalho de Jesus. Porém, a existência não é assim, e logo virão as provas e expiações, necessárias ao nosso aprimoramento moral e intelectual. É o sol da parábola, que queimará aquela planta que cresceu sem que tivesse raízes profundas, ou seja, verdadeiro entendimento da vida e suas leis. A pessoa sente-se injustiçada por Deus, que, segundo ela, deveria evitar-lhe dores e dúvidas. E então, deixa por completo o trabalho espiritual e volta para sua descrença, não compreendendo que a natureza não dá saltos, e toda mudança abrupta tende a levar o ser ao ponto inicial. A parte que caiu entre os espinhos leva àqueles que até escutam e entendem a palavra de Deus. Porém, os espinhos, que são suas preocupações excessivas com o trabalho material sufocam sua tentativa de entendimento e prática da caridade, afastando-os do conhecimento espiritual. Finalmente, há a semente que cai em boa terra, cresce e frutifica. São aqueles que, compreendendo que a matéria não é tudo, buscam nos ensinamentos espirituais as respostas às suas dúvidas e o consolo às suas dores, fazendo da prática da caridade um hábito da existência. Mas alerta Jesus que mesmo entre estes há diferenças de entendimento, pois alguns produzirão mais do que os outros. Caberá a cada homem saber se deverá dar trinta, sessenta ou cem por um. A consciência será seu guia. Quem tiver ouvido de ouvir, ou seja, condição de entender, que assim o faça.
"Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria". (Paulo, II aos Coríntios, IX, 7).
Para encerrar, comente esta passagem do apóstolo Paulo de Tarso. Ele lembra que aqueles que têm condições de trabalhar em nome de Jesus, fazendo algo em benefício do próximo, deve fazer de coração, e não por obrigação ou esperando uma troca com Deus. Verdadeiramente tem entendimento e faz parte da terra boa da parábola quem compreende sua função na Terra: Fazer ao próximo o quer que seja feito para si mesmo. Esta é a Lei, disse Jesus.
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