A Passagem
1. A confiança na vida futura não
exclui as apreensões da passagem desta para a outra vida. Muitas pessoas não
temem a morte por si mesma; o que temem é o momento da transição. Sofre-se ou
não se sofre na travessia? Aí está o que as inquieta; e a coisa vale tanto mais
apenas porque ninguém desta pode escapar. Pode-se dispensar de uma viagem
terrestre; mas aqui, ricos como pobres devem transpor o limiar e, se for
doloroso, nem a classe nem a fortuna podem abrandar-lhe a amargura.
2.
Ao ver a calma de certos mortos, e as terríveis convulsões da agonia de alguns
outros, já se pode julgar que as sensações não são sempre as mesmas; mas quem
pode nos informar a esse respeito? Quem nos descreverá o fenômeno fisiológico
da separação da alma e do corpo? Quem nos dirá das impressões desse instante
supremo? Sobre esse ponto a ciência e a religião são mudas.
E
por que isso? Porque falta, a uma e a outra, o conhecimento das leis que regem
as relações do Espírito e da matéria; uma se detém no limiar da vida
espiritual, a outra no da vida material. O Espiritismo é o traço de união entre
as duas; só ele pode dizer como se opera a transição, seja pelas noções mais
positivas que dá quanto à natureza da alma, seja pelo relato daqueles que
deixaram a vida. O conhecimento do laço fluídico que une a alma e o corpo é a
chave desse fenômeno, como de muitos outros.
ALLAN KARDEC
Trecho retirado do livro: "O CÉU E O
INFERNO" Edição: IDE SEGUNDA PARTE / CAPÍTULO I / A PASSAGEM
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