quinta-feira, 26 de julho de 2012


CHUVA ÁCIDA




Toda chuva é levemente ácida, devido à presença de dióxido de carbono na atmosfera, que reage com a água, gerando o ácido carbônico (H2CO3). O ph da chuva comum não é tão baixo, por isso não prejudica a natureza. O problema é que com o aumento do acúmulo de CO2 na atmosfera e o ph cai e fica abaixo do normal,  tornando a chuva extremamente nociva ao homem e à natureza. A chuva fortemente ácida é causada pelas emissões de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NO, NO2, N2O5), que reagem com o Hidrogênio, formando ácidos como ácido nítrico (HNO3) ou o ácido sulfúrico (H2SO4). Essas emissões têm crescido quase continuamente desde o início da Revolução Industrial. O químico inglês Robert Angus Smith foi o primeiro a relacionar a acidez da chuva com a poluição ambiental, em 1852, e também o primeiro a usar o termo "chuva ácida", em 1872.


Os principais agentes naturais responsáveis pela produção de gases lançados na atmosfera e que provocam a chuva ácida são os vulcões e os processos biológicos que ocorrem nos solos, pântanos e oceanos. No entanto, as atividades humanas são os principais agentes causadores dos gases poluentes que causam a chuva ácida. O maior exemplo é a ação das indústrias, das usinas termoelétricas e dos veículos de transporte que utilizam combustíveis fósseis.


Os efeitos mais nocivos da chuva ácida ocorrem no meio ambiente. Num lago acidificado, primeiramente as espécies mais sensíveis começam a desaparecer, como plânctons e crustáceos. À medida que o ph diminui, a decomposição da matéria orgânica para de acontecer e o acúmulo de todos os detritos se instala nas águas. 


A chuva ácida causa também a acidificação do solo tornando-o improdutivo e com maior tendência à erosão. A acidez do solo, inclusive, é um dos principais fatores para a diminuição da cobertura vegetal em diversos países.  As árvores são danificadas pela acidez de vários modos: a superfície cerosa das folhas é rompida, o crescimento das raízes torna-se mais lento e, em consequência, menos nutrientes são transportados. A perda de cálcio das folhas de diversas espécies arbóreas causa perda da tolerância ao frio, levando a danos ou mesmo à morte da planta durante o inverno. A chuva ácida afecta as plantações quase da mesma forma que as florestas, no entanto a destruição é mais rápida, uma vez que as plantas são todas do mesmo tamanho e assim, igualmente atingidas pelas chuvas. 


Para o homem o acúmulo de dióxido de enxofre no organismo pode levar à formação de ácidos no corpo humano causando até danos irreversíveis aos pulmões, bem como o aumento de epidemias e a morte prematura. A ingestão sucessiva e corriqueira de produtos contaminados tem influência direta sobre doenças como Parkinson, Alzheimer, hipertensão e problemas renais. Além disso, a precipitação ácida aumenta a corrosividade da atmosfera, causando danos em edifícios e outras estruturas e equipamentos expostos ao ar, desgastando pontes e fios elétricos. Ocorre o aumento do ritmo de oxidação do ferro, causando crescimento da ferrugem e dos problemas por ela causados. Essas corrosões não são tão rápidas, mas é necessário ter muitos cuidados. Isso porque, com o crescimento considerável da população e por consequência das indústrias e tecnologia, as complicações com as chuvas ácidas têm se tornado mais recorrentes e problemáticas.

As regiões mais afetadas pela chuva ácida são as que apresentam maior grau de industrialização, como Europa, América do Norte e Ásia. Os Tigres Asiáticos são bem afetados, apesar de terem se industrializado recentemente, pois têm regras instáveis acerca da poluição ambiental. No Brasil, os trechos de mata atlântica que recobrem a Serra do Mar, em SP, e a floresta da Tijuca, no RJ, já sofreram efeitos da chuva ácida. Alguns trechos foram parcialmente destruídos, tornando-se necessário reflorestar os locais para que os solos não ficassem expostos à ação do clima, com o risco de causar deslizamentos de terra. Após um enorme esforço feito por parte da comunidade científica, das primeiras organizações não governamentais brasileiras preocupadas com o meio ambiente e da imprensa que se empenhou em denunciar e esclarecer os fatos, foi elaborada uma legislação e montado um sistema de fiscalização que passou a controlar as emissões, forçando as indústrias a tomarem cuidados óbvios com as emissões gasosas.




O curioso é que nem sempre a chuva ácida cai sobre o local onde foi feita a emissão do dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio. Como essas substâncias estão em forma de gás, podem ser transportadas pelo vento por quilômetros de distância, antes de caírem na forma de chuva. Por isso, não apenas as grandes cidades, bolsões populacionais e áreas com grandes fábricas são atingidas. Através das correntes de ar, as chuvas ácidas podem chegar a qualquer lugar, inclusive locais livres de quaisquer fatores de poluição.


Algumas medidas que podem atenuar a formação de chuva ácida são: uso de transporte coletivo (para diminuir a emissão de poluentes),  uso de fontes de energia menos poluentes, utilização de combustíveis com baixo teor de enxofre, purificação dos escapamentos dos veículos, (utilizar gasolina sem chumbo e adaptar um conversor catalítico, dispositivo que reduz a toxicidade), financiamento da utilização de combustíveis limpos (gás natural, energia elétrica  de origem hidráulica, energia solar e energia eólica) em fontes de poluição tipicamente urbanas como hospitais, lavanderias e restaurantes; controle a quantidade de fábricas nas cidades e melhor fiscalização dos emissores de poluentes.

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