UM TEXTO DE ELIANE BRUM
Ao conviver com os bem mais jovens,
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento
É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores.
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço,
Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa
A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos
Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade
Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar,
Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia
Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez
O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira,
Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas
Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante
Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece
Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor.
ELIANE BRUM Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e
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