sábado, 29 de setembro de 2012


 CONVERSANDO COM DEUS

Para conversar com Deus é preciso antes de tudo aprender a estar em silêncio.

Muitos se queixam que não conseguem ouvir a voz de Deus e, portanto, não há nenhum mistério.

Deus nos fala. Mas geralmente estamos tão preocupados em falar, falar e falar, que Ele simplesmente nos ouve. Se falamos o tempo todo, nada mais natural que ouvirmos o som da nossa própria voz. Enquanto nosso eu estiver dominando, só ouviremos a nós mesmos.

A maneira mais simples de orar é ficar em silêncio, colocar a alma de joelhos e esperar pacientemente que a presença de Deus se manifeste. E Ele vem sempre. Ele entra no nosso coração e quebranta nossas vidas. Quem teve essa experiência um dia nunca se esquecerá.

Nosso grande problema é chegar na presença de Deus para ouvir somente o que queremos. Geralmente quando chegamos a Ele para pedir alguma coisa, já temos a resposta do que queremos. Não pedimos que nos diga o que é melhor para nós, mas dizemos a Ele o que queremos e pedimos isso. É sempre nosso eu dominando, como se inversamente, fôssemos nós deuses e que Ele estivesse à disposição simplesmente para atender a nossos desejos. Mas Deus nos ama o suficiente para não nos dar tudo o que queremos, quando nos comportamos como crianças mimadas. Deus nos quer amadurecidos e prontos para a vida.

Quem é Deus e quem somos nós? Quem criou quem e quem conhece o coração de quem? Somos altivos e orgulhosos. Se Deus não nos fala é porque estamos sempre falando no lugar dEle.

Portanto, se quiser conversar com Deus, aprenda a estar em silêncio primeiro. Aprenda a ser humilde, aprenda a ouvir. E aprenda, principalmente, que Sua voz nos fala através de pessoas e de fatos e que nem sempre a solução que Ele encontra para os nossos problemas são as mesmas que impomos. Deus também diz "não" quando é disso que precisamos. Ele conhece nosso coração muito melhor que nós, pois vê dentro e vê nosso amanhã. Ele conhece nossos limites e nossas necessidades.

A bíblia nos dá este conselho: "quando quiser falar com Deus, entra em seu quarto e, em silêncio, ora ao Teu Pai."

Eis a sabedoria Divina, a chave do mistério e que nunca compreendemos. Mas ainda é tempo...

Encontramos no livro de Provérbios a seguinte frase:
"as palavras são prata, mas o silêncio vale ouro."

A voz do silêncio é a voz de Deus. E falar com Ele é um privilégio maravilhoso acessível a todos nós.

CONVERSANDO COM DEUS (COMPLETO E DUBLADO).

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Mensagem de Aniversário

olhai os lirios do campo





Nos momentos graves

Use calma. A vida pode ser um bom estado de luta, mas o estado de guerra nunca uma vida boa.
    

 Não delibere apressadamente. As circunstâncias, filhas dos Designios Superiores, modificam-nos a experiência, de minuto a minuto.
     

Evite lágrimas inoportunas. O pranto pode complicar os enigmas ao invés de resolvê-los.
   

  Se você errou desastradamente, não se precipite no desespero. O reerguimento é a melhor medida para aquele que cai.
    

 Tenha paciência. Se você não chega a dominar-se, debalde buscará o entendimento de quem não o compreende ainda.
    

 Se a questão é excessivamente complexa, espere mais um dia ou mais uma semana, a fim de solucioná-la. O tempo não passa em vão.
    

 A pretexto de defender alguém, não penetre o círculo barulhento. Há pessoas que fazem muito ruído por simples questão de gosto.
     

Seja comedido nas resoluções e atitudes. Nos instantes graves, nossa realidade espiritual é mais visível.
   

  Em qualquer apreciação, alusiva a segundas e terceiras pessoas, tenha cuidado. 

Em outras ocasiões, outras pessoas serão chamadas a fim de se referirem a você.
    

 Em hora alguma proclame seus méritos individuais, porque qualquer qualidade excelente é muito problemática no quadro de nossas aquisições.
    

 Lembre-se de que a virtude não é uma voz que fala, e, sim, um poder que irradia.


Caridade e Esperança
Lembra-te da esperança para que a tua caridade não se faça incompleta. *
Darás ao faminto, não somente a côdea de pão que lhe mitigue a fome, mas também o carinho da palavra fraterna, com que se lhe restaurem as energias.
*
Não apenas entregarás ao companheiro, abandonado à intempérie, a peça que te sobra ao vestiário opulento, mas agasalhá-lo-ás em teu sorriso espontâneo a fim de que se reerga e prossiga adiante, revigorado e tranqüilo.
*
Não olvides a paciência divina com que somos tolerados a cada hora.
*
Qual acontece ao campo da natureza, em que o Sol mil vezes injuriado pela treva, mil vezes responde com a bênção da luz, dentro de nossa vida, assinalamos a caridade infinita de Deus, refazendo-nos a oportunidade de servir e aprender, resgatar e sublimar todos os dias.
*
Não te faças palmatória dos próprios irmãos, aos quais deves a compreensão e a bondade de que recebes as mais elevadas quotas do Céu, na forma de auxílio e misericórdia, em todos os instantes da experiência.
*
Não profiras maldição nem espalhes o tóxico da crítica, no obscuro caminho em que jornadeiam amigos menos ditosos, ainda incapazes de libertarem a si mesmos das algemas da ignorância.
*
Recorda que Jesus nos chamou à senda terrestre para auxiliar e salvar, onde muitos já desertaram da confiança no eterno bem.
*
Seja onde for e com quem for, atende à esperança para que o mundo conquiste a vitória a que se destina.
*
Aliviar com azedume é alargar a ferida de quem padece e dar com reprimendas é envolver o socorro em repulsivo vinagre de desânimo ou desespero.
*
À maneira de raio solar que desce à furna cada manhã, restaurando o império da luz, sem reclamação e sem mágoa, sê igualmente para os que te rodeiam a permanente mensagem do amor que tudo compreende e tudo perdoa, amparando e auxiliando sem descansar, porque somente pela força do amor alcançaremos a luz imperecível da vida.   * * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade. Ditado pelo Espírito Emmanuel. Araras, SP: IDE, 1978.  

quarta-feira, 26 de setembro de 2012


Comportamento Espírita: Orgulho e Vaidade




"Em tempos de tempestade, orar, vigiar e estudar são os melhores remédios..."
Procuremos, agora, ilustrar, entre os defeitos que mais comumente manifestam-se em nós, o orgulho e a vaidade. Busquemos tranqüilamente conhecê-los, tão profundamente quanto possível, sem mascarar os seus impulsos dentro de nós mesmos. Entendamos que a tolerância começa de nós para nós mesmos. Assim, o nosso trabalho de prospecção interior é suave, e não podemos nos maldizer ou nos martirizar pelos defeitos que ainda temos. Vamos, então, trazer aos níveis de nossa consciência aquelas manifestações impulsivas que nos dominam de certo modo, e que, progressivamente, desejamos controlar.
Vejamos, então, como identificar em nós o orgulho e a vaidade.
Orgulho
“Aquele que fio encontra a felicidade senão na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros é infeliz quando fio os pode satisfazer, enquanto que aquele que fio se interessa pelo supérfluo se sente feliz com aquilo que, para os outros, constituiria infortúnio.” (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Quarto. Capítulo 1. Penas e Gozos Terrenos. Parte dos comentários à resposta da pergunta 933.).
“O orgulho vos induz a julgardes mais do que sois, a não aceitar uma comparação que vos possa re­baixar, e a vos considerardes, ao contrário, tão acima dós vossos irmãos, quer em espírito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece. E o que acontece, então? Entregai-vos à cólera.” (Allan Kardec. O Evangelho Segundo Q Espiritismo. Capítulo IX. Bem-aventurados os Brandos e Pacíficos. A Cólera.).
As principais reações e características do tipo predominantemente orgulhoso são:
1. Amor-próprio muito acentuado: contraria-se por pequenos motivos; 2. Reage explosivarnente a quaisquer observações ou críticas de outrem em relação ao seu comportamento; 3. Necessita ser o centro de atenções e fazer prevalecer sempre as suas próprias idéias; 4. Não aceita a possibilidade de seus erros, mantendo-se num estado de consciência fechado ao diálogo construtivo; 5. Menospreza as idéias do próximo; 6. Ao ser elogiado por quaisquer motivos, enche-se de uma satisfação presunçosa, como que se reafirmando na sua importância pessoal; 7. Preocupa-se muito com a sua aparência exterior, seus gestos são estudados, dá demasiada importância à sua posição social e ao prestígio pessoal; 8. Acha que todos os seus circundantes (familiares e amigos) devem girar em torno de si; 9. Não admite se humilhar diante de ninguém, achando essa ati­tude um traço de fraqueza e falta de personalidade; 10. Usa da ironia e do deboche para com o próximo nas ocasiões de contendas.
Compreendemos que o orgulhoso vive numa atmosfera ilusória, de destaque social ou intelectual, criando, assim, barreiras muito densas para penetrar na realidade do seu próprio interior. Na maioria dos casos o orgulho é um mecanismo de defesa para encobrir algum aspecto não aceito de ordem familiar, limitações da sua formação escolar-educacional, ou mesmo o resultado do seu próprio posicionamento diante da sociedade da imagem que escolheu para si mesmo, do papel que deseja desempenhar na vida de “status”.
E preferível nos olharmos de frente, corajosamente, e lutar por nos­sa melhora, não naquilo que a sociedade estabeleceu, dentro dos limites transitórios dos bens materiais, mas nas aquisições interiores: os tesouros eternos que “a traça não come nem a ferrugem corrói! “.
Vaidade
“O homem, pois, em grande número de casos,é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria.”
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo V. Bem-aventurados os Aflitos. Causas Atuais das Aflições.)
A vaidade é decorrente do orgulho, e dele anda próxima. Destacamos adiante as suas facetas mais comuns:
1. Apresentação pessoal exuberante (no vestir, nos adornos usados, nos gestos afetados, no falai demasiado); 2. Evidência de qualidades intelectuais, não poupando referências à própria pessoa, ou a algo que realiza; 3. Esforço em realçar dotes físicos, culturais ou sociais com notória antipatia provocada aos demais; 4. Intolerância para com aqueles cuja condição social ou intelectual é mais humilde, não evitando a eles referências desairosas; 5. Aspiração a cargos ou posições de destaque que acentuem as referências respeitosas ou elogiosas à sua pessoa; 6. Não reconhecimento de sua própria culpabilidade nas situações de descontentamento diante de infortúnios por que passa; 7. Obstrução mental na capacidade de se auto-analisar, não aceitando suas possíveis falhas ou erros, culpando vagamente a sorte, a infelicidade imerecida, o azar.
A vaidade, sorrateiramente, está quase sempre presente dentro de nós. Dela os espíritos inferiores se servem para abrir caminhos às perturbações entre os próprios amigos e familiares. É muito sutil a manifestação da vaidade no nosso íntimo e não é pequeno o esforço que devemos desenvolver na vigilância, para não sermos vítimas daquelas influências que encontram apoio nesse nosso defeito. De alguma forma e de variada intensidade, contamos todos com uma parcela de vaidade, que pode estar se manifestando nas nossas motivações de algo a realizar, o que é certa­mente válido, até certo ponto. O perigo, no entanto, reside nos excessos e no desconhecimento das fronteiras entre os impulsos de idealismo, por amor a uma causa nobre, e os ímpetos de destaque pessoal, característicos da vaidade.
A vaidade, nas suas formas de apresentação, quer pela postura física, gestos estudados, retórica no falar, atitudes intempestivas, reações arrogantes, reflete, quase sempre, uma deformação de colocação do indivíduo, face aos valores pessoais que a sociedade estabeleceu. Isto é, a aparência, os gestos, o palavreado, quanto mais artificiais e exuberantes, mais chamam a atenção, e isso agrada o intérprete, satisfaz a sua necessidade pessoal de ser observado, comentado, “badalado”. No íntimo, o protagonista reflete, naquela aparência toda, grande insegurança e acentuada carência de afeto que nele residem, oriundas de muitos fatores desencadeados na infância e na adolescência. Fixações de imagens que, quando criança, identificou em algumas pessoas aparentemente felizes, bem sucedidas, comentadas, admiradas, cujos gestos e maneiras de apresentação foram tomados como modelo a seguir.
O vaidoso o é, muitas vezes, sem perceber, e vive desempenhando um personagem que escolheu. No seu íntimo é sempre bem diferente daquele que aparenta, e, de alguma forma, essa dualidade lhe causa conflitos, pois sofre com tudo isso, sente necessidade de encontrar-se a si mesmo, embora às vezes sem saber como.
O mais prejudicial nisso tudo é que as fixações mentais nos personagens selecionados podem estabelecer e conduzir a enormes bloqueios do sentimento, levando as criaturas a assumirem um caráter endurecido, insensível, de atitudes frias e grosseiras. O Aprendiz do Evangelho terá aí um extraordinário campo de reflexão, de análise tranqüila, para aprofundar-se até as raízes que geraram aquelas deformações, ao mesmo tempo que precisa identificar suas características autênticas, o seu verdadeiro modo de ser, para então despir a roupagem teatral que utilizava e colocar­se amadurecidamente, assumindo todo o seu íntimo, com disposição de melhorar sempre.
(Fonte: Ney Prieto Peres)


HUMILDADE DE CORAÇÃO

A humildade é uma qualidade dos que são modestos, consistindo em silenciar os méritos possuídos. Em razão deste entendimento, assim conceituado, certa vez, procurado por um amigo, disse-nos ele: - Quando Jesus afirmou ser humilde de coração, não teria faltado Ele a este princípio, mostrando-se, assim, sem humildade? Naquela oportunidade, tecemos algumas considerações contrárias ao pensamento do consulente. Depois, resolvemos escrever as razões ora apresentadas.
Há instantes em nossas vidas em que a virtude maior consiste em dizermos de alguma boa qualidade que tivermos, constituindo o silêncio a seu respeito grande mal. Isto acontece, por vezes, na experiência de cada dia, geralmente entre os grandes homens, responsáveis pela direção de setores importantes para o público. Em tais casos, silenciar seria levar prejuízos à existência de muitos, principalmente quando estes ainda se alimentam na confiança, na segurança, fortaleza e fé que possuem nas palavras daqueles que lhes incutem tais sentimentos.
Os próprios pais, quando, isentos de orgulho e vaidade, no desejo de corrigirem seus filhos, desviando-os de erros ou invirtudes, falam de alguma boa qualidade possuída, não pecam eles contra a humildade. Esta deve ser compreendida como ausência de arrogância e vaidade. É irmã gêmea da simplicidade. Os soberbos não sabem ser simples. Sempre ostentam orgulhosamente o quanto sejam ou possuem.
Se vencermos, em nós, a arrogância, obteremos vitória sobre nosso egoísmo, causa maior dos grandes males da Humanidade. Estaríamos a vitoriar sobre nós mesmos e sobre o próprio mundo. Passaríamos a ser criaturas sinceras, fraternas, caridosas, vendo no outro o nosso próximo.
Se fôssemos realmente fraternos, encontraríamos a todos como irmãos, e não mais nos sentiríamos inimigos de quem quer que seja. Se nos conduzíssemos numa linha de inteira fraternidade, com certeza, fugiriam de nossos corações empáfia e vaidades. Então, a própria humildade seria o veículo por onde trafegariam todas as nossas boas qualidades.
Quando Jesus assentou ter vencido o mundo (João, 16:33), quis-nos dar exemplo de desprendimento e advertir-nos sobre o quanto ainda nos arrasta a sentimentos inferiores, negativos. Sendo Ele Embaixador do Pai, entre todos nós proclamou grande verdade, ao dizer: "(...)aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração (...)." (Mateus, 11:29.)
Por existirmos em nossos desníveis, vivenciando quedas morais, temos, em geral, dificuldades no entendimento de certas passagens da vida de Jesus. Em tudo, porém, foi Ele humilde de coração, visto jamais podermos imaginá-lo orgulhoso, carregando vaidade, como se ainda possuído das mesquinharias humanas. De igual modo, se alijarmos de nós a montanha de nossas deficiências, também seremos naturalmente humildes, porque a simplicidade passará a cimentar nosso modo espontâneo de ser. Sem essa compreensão, jamais iríamos alcançar muitas outras palavras, tais como. "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João, 14:6); dado que, em verdade, Ele é a luz do mundo e quem o seguir "não andará em trevas, pelo contrário, terá a luz da vida" (João, 8:12), conforme nos assegurou.
"Quem vem das alturas certamente está acima de todos; quem vem da terra é terreno e fala da terra; quem veio do céu está acima de todos." (João, 3:31.) Mister se faz buscarmos nos afastar de sentimentos rigorosamente terrenos, a fim de penetrarmos no espírito da linguagem daqueles que têm autoridade para falar. E Jesus, "(...) o Filho do homem tem sobre a terra autoridade (...)" (Mateus, 9:6), continuando a afirmar: "Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra." (Mateus, 28:18.)
Se já nos sentíssemos sinceros, verdadeiros nos pronunciamentos emitidos, não mais iríamos duvidar das palavras de nosso Mestre e Senhor. Teria Paulo de Tarso, por exemplo, faltado à verdade, ao se expressar, dizendo: "(...) já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim (...)" (Gálatas, 2:20)? O grande apóstolo, sem faltar à verdade, nem falsear a humildade, sentia-se humilde de coração, para assim se exprimir, repetindo desta forma: "Nós, porém, temos a mente de Cristo." (I Coríntios, 2:16.)
Na medida em que formos nos desprendendo das negatividades de todos os séculos, iremos aceitando que muitos vieram como extraordinários mensageiros do Alto. Uns, preparando caminhos, roçando estradas, abrindo clareiras. Outros, executando, comandando, ditando planos. Vejam-se as personalidades de João Batista e de Jesus. Ambos, portageiros de verdades, todavia, bem diferentes um do outro. Aquele, veículo da verdade. Este, a Verdade. Não fosse assim, deixaríamos de assimilar do salmista: "As tuas palavras são em tudo verdade desde o princípio, e cada um dos teus justos juízos dura para sempre." (Salmos, 119 e 160.) Nestas razões, acolhemos Jesus como médium de Deus, pois Ele assim também falou: "(...) a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai que me enviou." (João, 14:24.) Fez-se a maior expressão da verdade que descera à Terra. Suas mensagens organizaram para a Humanidade o maior código de ética para o verdadeiro procedimento dos homens. Afirmou Ele: "Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão." (Lucas, 21:33.) E, na passagem de tantos séculos, suas palavras sempre são atuais.
Necessitamos, então, de expulsar a humildade envernizada, que ainda em nós reside, para, na simplicidade de nossos corações, recebermos a verdadeira luz e penetrarmos no entendimento de tudo quanto o Mestre nos quer ensinar. "Sabemos que Jesus foi o grande reformador do mundo, entretanto, corrigindo e amando, asseverava que viera ao caminho dos homens para cumprir a lei."¹
Sejamos leais em nossos pedidos a Deus, para melhor adentrarmos na compreensão de sua Lei e dos seus mensageiros, aceitando, humildemente, em nossos corações, que a verdade não foi posta sempre ao alcance de todos, visto ser necessário "que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado", segundo nos advertem os Espíritos reveladores, sob a égide do Espírito de Verdade². Esses mesmos Espíritos Superiores alimentam-nos a esperança de dias melhores, quando, alentando o Codificador Allan Kardec, dizem: "Vem próximo o tempo em que a Verdade brilhará de todos os lados"³. Decerto, na ocorrência de tais fatos, talvez já adultos e menos crianças, capacitados à alimentação mais sólida, segundo Paulo, teríamos melhor compreensão espiritual do que significa ser manso e humilde de coração.

Aurélio Muniz Freire

 VERDADEIRA CARIDADE




O Livro dos Espíritos    Caridade e amor ao próximo (Estudo 153 de 193)          
a) Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições alheias, perdão das ofensas.
b) A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, mas abrange todas as relações com os nossos semelhantes, quer se trate de nossos inferiores, iguais ou superiores.
c) Ser indulgentes, porque temos a necessidade de indulgência.
d) O homem verdadeiramente bom procura elevar o inferior aos seus próprios olhos, diminuindo a distância entre ambos.
e) Amar aos inimigos é perdoá-los e pagar-lhes o mal com o bem.
f) Não é a esmola que é censurável, mas quase sempre a maneira por que ela é dada.
g) O homem de bem, que compreende a caridade segundo Jesus, vai ao encontro do desgraçado sem esperar que ele lhe estenda a mão.
h) A verdadeira caridade é sempre boa e benevolente; tanto está no ato quanto na maneira de fazê-la. Um serviço prestado com delicadeza tem duplo valor, se o for com altivez, a necessidade pode fazê-lo aceito mas o coração mal será tocado.
i) A ostentação apaga aos olhos de Deus o mérito do benefício.
j) Amai-vos uns aos outros, eis toda a lei, divina lei pela qual Deus governa os mundos.
k) Não olvideis jamais que o Espírito, qualquer que seja o seu grau de adiantamento, sua situação como reencarnado ou na erraticidade, está sempre colocado entre um superior que o guia e aperfeiçoa e um inferior perante o qual tem deveres iguais a cumprir.
l) Sede caridodos, não somente dessa caridade que vos leva a tirar do bolso o óbolo que friamente atirais ao que ousa pedir-vos, mas ide ao encontro das misérias ocultas. Sede indulgentes para com os erros dos vossos semelhantes.
m) Em lugar de desprezar a ignorância e o vício, instruí-os e moralizai-os.
n) É da boa educação moral que depende o melhoramento da Terra.


Questões iniciais para estudo:

01) Qual o verdadeiro sentido da caridade?
02) Como devemos praticar a caridade?
03) Há diferença entre caridade moral e caridade material?
Qual é? Por que?      

Caridade e amor ao próximo - Conclusão do estudo 
01) Qual o verdadeiro sentido da caridade?
A caridade , como a entendia Jesus, é aquela onde se tem a benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições alheias, perdão das ofensas. É a caridade virtude por excelência, constituindo-se na mais alta expressão do sentimento humano , que se irradia em ações nobre em prol de todas da criaturas.
02) Como devemos praticar a caridade?
A caridade para ser praticada nada exige e, no entanto, tudo oferece. A verdadeira caridade tanto está no ato, quanto na maneira de fazê-la, posto que se realizada com ostentação perde seu mérito. E no entanto, quase sempre, quando realizamos algum ato de bondade, esperamos por gratidão. Desejamos que alguém reconheça o nosso ato, que ao menos alguém tenha observado e percebido nosso gesto nobre. Ou, então, em nossa ânsia de ajudar alguém, deixamos de perceber como a nossa dádiva pode ser embaraçosa para uma pessoa sensível. Ou, ainda, como pode parecer pesado para quem recebe, o dever da gratidão. No entanto, a caridade é um ato de sabedoria, que exige apenas percepção aguda e um coração que compreenda.
03) Há diferença entre caridade moral e caridade material? Qual é? Por que?
A caridade inclui tanto a material quanto a moral, uma vez que todo gesto de generosidade, quando realizado a fim de fornecer um lenitivo àquele que padece vez que irá renovar o ânimo e fortalecer a alma, é valioso.
No entanto, muitas pessoas acabam deixando de fazer todo o bem que poderiam , sob a fundamentação de falta de recursos suficientes, como se somente a caridade material fosse caridade.
Mas há quem não possa doar do seu trabalho, do seu tempo, do seu repouso, do seu sorriso, do seu olhar, de suas simples palavras de bom dia, boa noite, boa tarde?
E quantas vezes somente um olhar que nos enxerga, nos vê, é o que necessitamos para renovar o ânimo d'alma?
Quantas vezes é de um simples sorriso, de um simples bom dia que precisamos para deixarmos a tristeza de lado?
A verdadeira caridade excede, sob qualquer aspecto que seja considerada, às simples doações externas e transitórias.
Embora haja a necessidade do homem promover e praticar a caridade material, também e especialmente mais necessário é pratique a caridade moral, que é a que exige mais e melhores condições ao Espírito.
A caridade moral é aquela que não se cansa, não reclama, tudo dá , mais do que dá: dá-se; tal qual Jesus , em sua passagem na Terra, que após inúmeras doações de compaixão, misericórdia, compreensão, doou-Se, deu sua própria vida como testemunho de amor e inapagável luz de Caridade.
Para encerrar nosso estudo, nada melhor que as palavras de Paulo, em I Coríntios 13 1-13 :
"Se falar as línguas de homens e de anjos, mas não tiver caridade, sou como bronze que soa ou címbalo que retine.
E se possuir o dom da profecia, e conhecer todos os mistérios e toda a ciência, e alcançar tanta fé que chegue a transportar montanhas, mas não tiver caridade, nada sou.
E se repartir toda minha fortuna e entregar meu corpo ao fogo, mas não tiver caridade, nada isso me aproveita.
A caridade é paciente, a caridade é benigna, ela não é invejosa, a caridade não é jactanciosa, não se ensoberbece; não é descortes, não é interesseira, não se irrita, não guarda rancor; não se alegra com a injustiça, mas compraz-se na verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo tolera.
A caridade não sucumbe jamais; as profecias? terão o seu fim, as línguas? cessarão, a ciência? terminará. No presente , o nosso conhecimento é imperfeito, e assim também a profecia. Quando chegar a consumação, desaparecerá o que é imperfeito.
Quando era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança; quando cheguei a ser homem, deixei como inúteis as coisas de criança Agora vamos por um espelho e obscuramente; então veremos face a face. No presente, conheço só em parte; então conhecerei como sou conhecido.
Agora permanecem essas três coisas: fé, esperança, caridade; porém a mais excelente delas é a caridade." (Paulo - I Coríntios 13 - 1-13) 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

09 22 2012 ICEB religião e religiosidade



Palestra / Sergio Aleixo em 22/09/2012 ICEB

Buscando a Felicidade


A felicidade que pode realmente não existir na Terra, enquanto a Terra padecer a dolorosa influenciação de um só gemido de sofrimento, pode existir na alma humana, quando a criatura compreender que a felicidade verdadeira é sempre aquela que conseguimos criar para a felicidade do próximo.

O primeiro passo, porém, para a aquisição de semelhante riqueza é o nosso entendimento das leis que nos regem, para que o egoísmo e a ambição não nos assaltem a vida.

O negociante que armazena toneladas de arroz, com o propósito de lucro fácil, não poderá ingeri-lo, senão na quantidade de alguns gramas por refeição.

O dono da fábrica de tecidos, interessado em reter o agasalho devido a milhões, não vestirá senão um costume exclusivo para resguardar-se contra a intempérie.

E o proprietário de extensas vilas, que delibera locupletar-se com o suor dos próprios irmãos, não poderá habitar senão uma casa só e ocupar, dentro dela, um só aposento para o seu próprio repouso.

Tudo na existência está subordinado a princípios que não podemos desrespeitar sem dano para nós mesmos, e, por esse motivo, a felicidade pura e simples é aquela que sabe retirar da vida os seus dons preciosos sem qualquer insulto ao direito ou à necessidade dos semelhantes.

Assim, pois, tudo aquilo que amontoamos, no mundo, em torno de nós, a pretexto de desfrutar privilégios e favores com prejuízo dos outros, redunda sempre em perigosa ilusão a envenenar-nos o espírito.

Felicidade é como qualquer recurso que só adquire valor quando em circulação em benefício de todos.

Em razão disso, saibamos dar do que somos e a distribuir daquilo que retemos, em favor dos que nos partilham a marcha, porque somente a felicidade que se divide é aquela que realmente se multiplica para ser nossa alegria e nossa luz, aqui e além, hoje e sempre.
(Do livro Inspiração", Emmanuel, Francisco Cândido Xavier)
AMOR E VIDA


Muita semente esquecida
Em simples trato de chão
Transforma os charcos da vida
Em flor, alegria e pão.

Quem sente amor não reclama
Privilégios para si,
Quanto mais sofre, mais ama,
Quanto mais chora, mais ri.

Quem sabe renunciar,
Fazendo feliz alguém,
Por si já sabe olvidar
As mágoas que a vida tem.

Amor real e profundo
Dos sonhos e anseios meus,
Só mesmo existe no mundo
No coração que é de Deus.

Amor não é fanatismo,
Ciúme; inveja e paixão.
Amor é um a Luz Divina
Por dentro do coração.

Amor de mãe, poesia
Inspirada, terna e pura,
Que o Senhor criou um dia
Pensando em nossa ventura.

Vive; trabalha e abençoa,
Que a treva jamais te vença...
Quem ama sempre perdoa
A dor de qualquer ofensa.

Na Terra, o amor é assim:
Uma estrela em doce luz
Que brilha, do início ao fim,
E se consome na cruz.

Justiça aponta a Verdade
Sem segredos e sem véus,
Mas somente a Caridade
Sabe o caminho dos Céus.



pelo Espírito Eurícledes Formiga 

Amar ao Próximo como a Si Mesmo

Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO
: 1. Introdução. 2. Contexto em que a Frase foi Proferida. 3. O Amor. 4. O Próximo. 5. O Si Mesmo. 6. Amor ao Próximo e a Violência. 7. Praticando o Amor ao Próximo. 8. Conclusão. 9. Bibliografia Consultada
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é analisar cada um dos termos da frase, ou seja, "o amar", "o próximo" e "o si mesmo", extraindo daí conhecimentos mais profundos sobre o alcance moral de tal assertiva.
2. CONTEXTO EM QUE A FRASE FOI PROFERIDA
O contexto é o do Novo Testamento. O Novo Testamento faz parte da Bíblia e retrata a vida e obra de Jesus Cristo. Jesus Cristo, quando esteve encarnado, viveu em lugares administrados pelos governadores romanos, que impunham o seu poder de forma arbitrária, sobrecarregando os habitantes da Palestina e demais regiões. A pregação evangélica de Jesus não tinha outro senão o caráter de libertação desse jugo. A frase lapidar "dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" caracteriza bem esse momento histórico: se o povo da Palestina era obrigado a pagar o impostos, deveria fazê-lo, porém jamais se esquecendo de reverenciar a Deus.
O texto evangélico diz o seguinte: "Os fariseus, tendo sabido que ele tinha feito calar a boca aos Saduceus, reuniram-se; e um deles, que era doutor da lei, veio lhe fazer esta pergunta para o tentar: Mestre, qual é o maior mandamento da lei? Jesus lhe respondeu: Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda a vossa alma, e de todo o vosso espírito; é o primeiro e o maior mandamento. E eis o segundo que é semelhante àquele: Amareis o vosso próximo como a vós mesmos. Toda a lei e os profetas estão contidos nestes dois mandamentos". (Mateus, 22, 34 a 40)
Essas duas frases, juntas, transformam-se no 11.º Mandamento, ou seja, "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo", e que resume toda a doutrina de Jesus.
3. O AMOR
Amor
do lat. amore é um vocábulo polissêmico, ou seja, suscetível de diversas definições. Por isso, diz-se que o amor não é definível, visto encerrar uma vastíssima escala de genitivos e de nominativos. Concede-se, porém, algumas aproximações, na maioria das vezes distantes do conteúdo amplo que o termo encerra.
Na cultura grega, amar implica o conhecer e o conhecer implica o amar.
Na cultura judeo-cristã ou bíblica, o amor não partirá do mundo nem do homem, mas de Deus. Fundado no amor divino, o amor humano será ativo, histórico, concreto e terá na imitação do próprio Deus, designadamente através de Cristo - imitatio Christi - o seu grande motor. (Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado)
Embora o termo amor seja polissêmico, nada nos impede de defini-lo como "a totalidade dos sentimentos e desejos que estruturam o pensamento para a liberação de energia e de forças que guiam a ação na produção do bem e possibilitam a aquisição de qualidades, constituintes do crescimento do Espírito". (Curti, 1981, p.81)
Lembremo-nos de que esta palavra é sempre ativa, ou seja, parte do sujeito para o exterior. Nesse sentido a frase "estar caído por alguém" pode ser colocada em dúvida, pois estar caído é estar subitamente no chão, submisso, passivo, o que contraria o elemento dinâmico que o termo implica.
4. O PRÓXIMO
Cada pessoa em particular (parente, amigo etc.); o nosso semelhante: Amar o próximo como a si mesmo; o conjunto de todos os homens.
A Parábola do Bom Samaritano ajusta-se bem à reflexão sobre "quem é o meu próximo".
O que nos diz essa Parábola?
"E eis que se levantou um doutor da lei e lhe disse: Mestre, que ei de fazer para entrar na posse da vida eterna? Disse-lhe então Jesus: Que é que está escrito na lei? Como a lês tu? Ele, respondendo, disse: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E Jesus lhe disse: Respondeste bem, faze isso e viverás.
Mas ele, querendo justificar-se, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? Jesus, prosseguindo disse-lhe:
Um homem descia de Jerusalém a Jericó e caiu nas mãos de salteadores, que o despojaram e se foram, deixando-o semimorto. Aconteceu que pelo mesmo caminho desceu um sacerdote, que o viu e passou de largo. Do mesmo modo um levita, que também foi ter àquele lugar, viu o homem e passou de largo. Um Samaritano , porém, seguindo o seu caminho, veio onde estava o homem e ao vê-lo se encheu de compaixão. Aproximou-se dele, pensou-lhe as feridas, deitando nelas óleo e vinho, colocou-o sobre a sua alimária e o levou para uma hospedaria, onde cuidou dele. No dia seguinte, tirou dois denários e os deu aos hospedeiro, dizendo: Trata desse homem e na minha volta te pagarei tudo quanto despenderes a mais.
Qual dos três te parece que tinha sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu o doutor da lei: O que para com ele usou de misericórdia (o que é?). Pois vai, disse-lhe Jesus, e faze o mesmo". (Lucas, 10, 25 a 37).
Jesus quis demonstrar com essa parábola que a caridade, a salvação da alma independe do credo religioso que se professa. Importa auxiliar o próximo independentemente dele professar ou não a nossa religião.
5. O SI MESMO
Para entender a profundidade desta frase, deveríamos partir de nós mesmos, ou seja, cada qual procurando conhecer a si mesmo. Mas será isso possível? Como?
Sócrates, na sua maiêutica, levava cada um de seu interlocutor a refletir sobre si mesmo no sentido de tomar consciência da sua própria ignorância, e com isso adquirir o verdadeiro conhecimento. Como o conhecimento tinha relação com o bem, quanto mais a pessoa sabia, menos mal praticava. A título de ilustração, convém diferenciar o termo ter conhecimento do conhecerTer conhecimento é memorizar, é saber de cor, é estudar para passar de ano. Conhecer, por outro lado, é processo sempre ativo de aprimoramento pessoal.

OBS: A Maiêutica Socrática tem como significado "Dar a luz (Parto)" intelectual, da procura da verdade no interior do Homem. Sócrates conduzia este parto em dois momentos: No primeiro, ele levava os seus discípulos ou interlocutores a duvidar de seu próprio conhecimento a respeito de um determinado assunto; no segundo, Sócrates os levava a conceber, de si mesmos, uma nova idéia, uma nova opinião sobre o assunto em questão. Por meio de questões simples, inseridas dentro de um contexto determinado, a Maiêutica dá à luz idéias complexas. A maiêutica baseia-se na idéia de que o conhecimento é latente na mente de todo ser humano, podendo ser encontrado pelas respostas a perguntas propostas de forma perspicaz.




Na resposta à pergunta n.º 876 — Fora do direito consagrado pela lei humana, qual a base da justiça fundada sobre a lei natural? — de O Livro dos Espíritos, há alusão a uma frase, semelhante a esta, dita por Cristo: "Querer para os outros os que quereis para vós mesmos". Os Espíritos orientam-nos que o "critério da verdadeira justiça é o de se querer para os outros aquilo que se quer para si mesmo, e não de querer para si o que se deseja para os outros, o que não é a mesma coisa. Como não é natural que se queira o próprio mal, se tomarmos o desejo pessoal por norma ou ponto de partida, podemos estar certos de jamais desejar para o próximo senão o bem".
6. AMOR AO PRÓXIMO E A VIOLÊNCIA
Se Jesus nos ensinou a lei do amor, por que a violência nos dias atuais? Esquecemo-nos dos seus ensinamentos? Estamos deveras condicionados pela sociedade? Falta-nos a educação necessária?
Relacionamos abaixo alguns pensamentos que podem auxiliar a refrescar a nossa memória no tempo.
- Ato de criação bíblico é um ato de violência, pois não houve perdão por parte de Deus para com Adão e Eva.
- A Lei de talião da Antigüidade.
- Hegel concebeu toda a história como uma luta de contrários.
- Darwin colocou como motor da evolução a seleção natural na luta pela vida.
- Marx constrói a sua filosofia em cima da luta de classes.
- Hobbes formula a idéia dizendo que o "homem é o lobo do próprio homem".
- Se o Estado mata, por que a criança não pode matar?
- Consumismo exacerbado pelos meios de comunicação social.
- O discurso de auto-ajuda como fonte de alimentação do individualismo e do consumismo.
Estes são alguns dos fatores condicionantes de nossa maneira de pensar como também de agir violentamente, contrariando os ensinos do Cristo.
Mas onde está a fonte, a raiz da violência?
Está dentro de cada um de nós. Se não fôssemos violentos, o mundo não o seria? É possível que esteja faltando a aplicação dos preceitos morais do Cristo.
7. PRATICANDO O AMOR AO PRÓXIMO
A Prática do amor ao próximo pode ser vista em função da obediência aos ensinamentos de Jesus. Nesse sentido, quando perdoamos não sete mas setenta vez sete a ofensa recebida, quando aguardamos até o dia seguinte para querelar com o nosso vizinho, quando exercitamos a nossa paciência diante das mais ásperas dificuldades, quando procuramos dar o exemplo, quando respeitamos a liberdade alheia, quando fazemos todos os esforços para não nos omitirmos, estaremos nos exercitando no amor ao próximo.
8. CONCLUSÃO
Amar ao próximo como a si mesmo é um trabalho árduo que deve começar bem, pois caso contrário o resultado é nulo. Muitas vezes implica num sacrifício total da liberdade humana, coisa que nem sempre estamos dispostos a praticá-la.
9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Polis - Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado
. Lisboa/São Paulo, Verbo, 1986. CURTI, R. Espiritismo e Reforma Íntima. 3. ed., São Paulo, FEESP, 1981. KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984. KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
São Paulo, abril de 2001
QUESTÕES de Ariana Pereira, repórter do jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, para a revista Bem-Estar e RESPOSTAS de Sérgio Biagi Gregório
Por que Jesus, um grande mestre espiritual, insistia tanto na questão do amor ao próximo?
Para entendermos a posição de Jesus, quanto ao amor ao próximo, temos de nos reportar à Lei de Deus, ou seja, aos Dez Mandamentos, recebidos mediunicamente por Moisés. De acordo com Allan Kardec, "esta lei é de todos os tempos e de todos os países, e tem, por isso mesmo, um caráter divino". Jesus não veio destruir esta lei, mas dar-lhe cumprimento, desenvolvê-la segundo o grau de adiantamento da humanidade. Em realidade, Jesus resumiu o Decálogo num único mandamento, que costumamos chamar de o 11.º Mandamento:"Amar a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo". Jesus também acrescenta: "Está aí toda a lei e os profetas". Para Jesus, o próximo é o canal que nos leva a Deus. Sem o próximo, todo o nosso esforço é em vão, porque acabamos chafurdando no egoísmo, o principal cancro da humanidade.
Ele também insistia na questão de amarmos aqueles que consideramos inimigos. Qual a importância disso?
Os inimigos são os nossos verdadeiros mestres. Eles não têm pena de nós e apontam as nossas falhas com bastante frieza, coisa que os nossos amigos não têm coragem de fazê-lo. Amar o inimigo consiste em perdoar-lhe o mal que porventura esteja nos fazendo. O perdão ao inimigo, contudo, tem caráter científico. Observe que acima de nós há uma lei, a Lei Natural, lei esta que orienta todas as nossas ações, pois está escrita em nossa consciência. Quando o nosso inimigo nos faz um mal, ele não nos feriu, mas feriu-se a si mesmo em relação à Lei. Cabe à Lei puni-lo ou não. Quanto a nós, uma vez perdoado o seu ato, ficamos livres e desembaraçados de todas as implicações mentais menos felizes a respeito deste suposto inimigo.
É possível amar o outro sem amar-se?
A tradução correta da frase de Jesus não é bem esta: "Amar ao próximo como a si mesmo", mas sim, "Primeiro ame a si mesmo, para depois amar ao próximo". Há aqui uma grande diferença, pois não fazemos as coisas de modo mecânico, em obediência à pregação evangélica, mas de forma consciente, no sentido de sabermos o que estamos fazendo e o porquê de estarmos agindo desta e não de outra maneira.
Qual o papel do autoconhecimento para que haja amor próprio?
Segundo Sócrates, filósofo da antiguidade clássica grega, o autoconhecimento é a chave libertadora do ser humano. O "Conhece-te a ti mesmo" é um apelo para que o ser humano possa fazer uma volta sobre si mesmo, no sentido de tomar consciência de sua ignorância. É a partir dessa autoconsciência que o ser humano deveria se postar no mundo, pois saberia o que poderia fazer e dispensaria aquilo que não servisse para o seu projeto de vida.
Como amar-se sem perder-se no individualismo?
O primeiro passo é tomarmos consciência de que o mundo em que vivemos é individualista e consumista. Caso contrário, qualquer elaboração do amar-se perde o seu sentido. Observe que a moral primitiva implicava a regulamentação do comportamento de cada um de acordo com os interesses da coletividade. O indivíduo era mero suporte, auxiliar na concretização dos objetivos do grupo. Presentemente, o culto à individualização fê-lo mais materialista e egoísta, pois busca a sua autonomia, a sua independência, nem que para isso passe por cima dos outros. É nesse ponto que a mensagem do amor ao próximo, proferida por Jesus, auxilia-nos a mudar o nosso comportamento, para não nos perdermos no individualismo.
Santa Terezinha dizia que uma alma repleta de amor não pode ficar inativa. O amor impulsiona para o bem-estar do outro?
O outro é a pessoa mais importante. Mesmo quando estamos preparando uma peça oratória, para nós mesmos, estamos pensando em expressá-la ao outro, ao público. Nesse sentido, cada pessoa tem a responsabilidade de ser
caminho para os outros. É, portanto, injusto excluir os outros do caminho. Lembremo-nos de que esta responsabilidade não diz respeito somente ao ser humano, mas também em relação ao meio ambiente. Hoje, são muitas as empresas que se preocupam com o que produzem, com o tipo de lixo que estão descartando, com as condições de trabalho de seus funcionários etc.
Como o amor ao outro beneficia a quem se doa dessa forma?
Em primeiro lugar, não deveríamos fazer o bem ao próximo para recebermos uma recompensa, pois estaríamos sendo mercenários, do tipo é dando que se recebe. O benefício, se assim quisermos chamar, é a felicidade de ver a Doutrina do Cristo sendo divulgada e ampliada para atingir todos os seres humanos do planeta.